São Paulo - As chuvas históricas que atingiram cidades do litoral norte e da Baixada Santista, em São Paulo, deixaram até o momento 36 mortos. O total de pessoas fora de casa subiu para 2.496.

Os desaparecidos somam 40, mas os números ainda devem aumentar já que ainda há relatos de que pessoas estariam sob os escombros de construções que cederam.

Nesta segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foram a São Sebastião.

O chefe do Executivo estadual pediu que os turistas não tentem voltar à capital paulista, já que há uma série de bloqueios em estradas.

Segundo ele, há pessoas isoladas, sem comunicação e informação e sem conseguir comprar alimentos, "o que está fazendo com que várias pessoas tentem sair de suas casas para retornar em direção a São Paulo e outras partes do estado. Ideal é que as pessoas não façam isso".

"A grande via de deslocamento será a Rio-Santos e a Tamoios. A recuperação da Mogi-Bertioga vai levar um tempo maior, porque temos um trecho bastante erodido. A recuperação da Rio-Santos de Boiçucanga em direção ao Sul pode levar um tempo enorme, a gente não sabe nem dizer", disse.

"A gente contabilizou mais de dez pontos de bloqueio. Em alguns pontos a gente não sabe exatamente o que sobrou da rodovia. É um volume de terra tão grande que se deslocou que a gente até levanta a hipótese de a rodovia ter sido arrastada junto, dela não existir mais", afirmou. O gabinete do governador foi transferido temporariamente para São Sebastião.

Ao lado de Tarcísio e do prefeito Felipe Augusto (PSDB), Lula ressaltou a união entre governo federal, estadual e municipal, independente de questões partidárias. "Que coisa bonita e simples. Nós estamos juntos. Ele [Tarcisio] tem obrigação de governar o estado de São Paulo, esse aqui [o prefeito] tem obrigação de governar a cidade e eu tenho obrigação de governar o país. Se cada um ficar trabalhando sozinho, nossa capacidade de rendimento é muito menor. E é por isso que precisamos estar juntos, compartilhar as coisas boas e as coisas ruins. Juntos seremos muito mais fortes", disse o presidente.

O presidente afirmou que uma das prioridades do governo é recuperar a Rio-Santos e pediu que a prefeitura indique um terreno seguro para construir moradia e transferir as pessoas que têm casas em área de risco.

As equipes de resgate, compostas por diversos órgãos, estão no segundo dia de buscas por sobreviventes e desaparecidos.

O trabalho de resgate das vítimas é feito por uma força-tarefa composta por mais de 500 pessoas, entre servidores das forças de segurança e resgate do governo estadual, das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Prefeitura de São Sebastião e voluntários, seguem empenhadas para localização, resgate, salvamento e identificação das vítimas.

Os esforços no atendimento às vítimas começaram no domingo (19) e seguem de forma ininterrupta, com o apoio de 53 viaturas do Corpo de Bombeiros, dois cães especializados na busca de pessoas, 31 maquinários, sete helicópteros Águia do Comando de Aviação da Polícia Militar e outras duas aeronaves do Exército.

As operadoras de telefonia confirmaram neste domingo, no final do dia, que os sistemas de telefonia e internet nas cidades do litoral norte sofrem com instabilidade porque as redes foram danificadas pelas chuvas, quedas de árvores e deslizamentos, o que dificulta ainda mais a situação. Muitas pessoas que têm parentes e amigos, inclusive que foram passar o Carnaval nas regiões atingidas, estão aflitas por não conseguir contato.

Além da dificuldade de comunicação, a população também enfrenta desabastecimento de água, já que muitos sedimentos invadiram os pontos de tratamento, que precisaram ser interrompidos.

Segundo o governo do estado, as concessionárias trabalham para restabelecer os serviços essenciais o mais rápido possível.

De acordo com a Defesa Civil do estado, além das mortes já confirmadas, o número de desalojados subiu para 1.730, e o de desabrigados, para 766.

Entre os mortos há uma criança de 7 anos, vítima de um deslizamento de terra em Ubatuba. Os outros mortos são de São Sebastião, a cidade mais afetada pelo temporal - a maioria na Barra do Sahy, além de Juquehy, Camburi e Boiçucanga.

De acordo com o governo do estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.