De forma agendada e pacífica, lideranças comunitárias, produtores rurais, comerciantes, moradores de distritos, patrimônios e de diversas regiões de Londrina realizaram neste sábado (20), uma mobilização com o objetivo de evitar a instalação de uma praça de pedágio na PR-445. O manifesto intitulado “Não ao pedágio na PR 445” foi concentrado na altura do km 50 da rodovia e reuniu centenas de pessoas - todas inconformadas com a iniciativa.

Cidadãos da área rural e urbana estão unidos contra a cobrança
Cidadãos da área rural e urbana estão unidos contra a cobrança | Foto: Walkiria Vieira

Durante o ato, o microfone serviu para que o discurso fosse reforçado por cada um que fez uso da palavra e expôs todas as objeções acerca da cobrança futura, que soa como ameaça a todos os presentes. Do ponto de vista da prefeita de Tamarana, Luzia Harue Suzukawa, a iniciativa do governo federal não é nada assertiva. "O governo quer nos onerar e os pequenos agricultores serão os mais prejudicados". Suzukawa critica o fato de a população não ter sido consultada e questiona: "Quem será o maior beneficiário desse pedágio?". E acrescenta: "Sem contar o risco de uma licitação fraudulenta". A prefeita enxerga ainda que se a obra se concretizar, os produtores como os verdureiros terão suas atividades inviabilizadas. "O direito de ir e vir não pode ser cerceado e esse é um momento em que a população deve mostrar a sua força de maneira democrática e lute pelos seus direitos", incentiva.

O arcebispo de Londrina, Dom Geremias Steinmetz considera que a população deva se manifestar contrariamente a essa ideia. "É o povo que está na estrada, trabalhando e lutando para sobreviver que irá perder e esse pedágio é uma verdadeira paulada em cima dos distritos, já tão mal tratados", reclama. O que o governo precisa é atrair empresas, gerar empregos, pois muitos trabalhadores se deslocam dos distritos diariamente para Londrina para sobreviver, correm riscos nas estradas e não é a implantação de um pedágio que irá resolver os problemas dessa população, pelo contrário". Steinmetz também atribuiu aos vereadores e deputados que sigam vigilantes e somem forças para que a proposta não se concretize. A população de Lerroville, Irerê, Guaravera, São Luiz está esquecida", destaca.

Integrante do movimento, Sérgio Branco é morador de Londrina e possui uma propriedade em Paiquerê. "Vou todos os dias à propriedade para trabalhar e todo dia vou ter que desembolsar R$20 reais nesse curto percurso. Isso é inviável", lamenta. Branco considera que a reunião fluiu com tranquilidade e a grande adesão é prova do temor de todos - os que vivem na área rural e urbana. "Se eles decidirem que montar o pedágio, vamos partir para a ignorância, vamos fechar o asfalto e não vai ter boca, não. Vamos por trator, tudo que tiver jeito e vamos fechar", pontua.

População reclama que valor inicial será de R$9,35 e depois passará a R$13.
População reclama que valor inicial será de R$9,35 e depois passará a R$13. | Foto: Walkiria Vieira

Pequenos produtores se sentem assombrados

A produtora de morangos Luciane Kopichinski fez questão de mostrar sua indignação frente à proposta de pedágio e enxerga com desânimo o que o futuro pode reservar para a sua família e outros pequenos produtores. "Eu e meus irmãos somos pequenos e ficaremos a 400 metros do possível pedágio e é claro que essa cobrança irá intimidar o turismo no meu estabelecimento, pois quem irá sair de Londrina e planejar desembolsar R$20 reais só para a travessia", teme. "Sem contar que meu marido é motorista de ônibus em Londrina, meu filho estuda em Londrina, e sábado passado, só para dar um exemplo, minha filha ficou doente. Saí às 23 horas de casa, fui para Londrina e se o pedágio já estivesse instalado e eu não tivesse esse valor para desembolsar?", reflete. A produtora se sente profundamente injustiçada. "Querem cobrar a duplicação de nós", diz.

produtora de morangos Luciane Kopichinski enxerga um futuro danoso
produtora de morangos Luciane Kopichinski enxerga um futuro danoso | Foto: Walkiria Vieira

Inconformado com o alumbramento de uma praça de pedágio na citada via, o advogado Antonio Amaral se sensibilizou com a causa e decidiu apoiar o manifesto pacífico. "O impacto na vida das pessoas será real. E o prejuízo maior será para essa comunidade rural que soma 20 mil pessoas. Por outro lado, ao mesmo tempo que eles dependem de Londrina para trabalhar, os londrinenses também dependem do que produzem esses distritos". Amaral se considera um cidadão interessado na não-implementação da praça de pedágio e é a favor de um trabalho de desenvolvimento da região dos distritos. Integrante da Associação Transporte Ativo, um grupo de ciclistas, é adepto dos passeios rurais e considera que todos devam prestigiar a área rural. "temos um projeto chamado "Rota do Pé Vermelho" e sabemos o valor que esses locais possuem por suas riquezas culturais, paisagens e população.

A educadora física Sonia Regina Dorigo pratica ciclismo há 25 anos e além de considerar injusta a ideia de construir um pedágio para cobrar pela passagem, considera falha a criação de ciclovias para incentivar o transporte por meio de bicicletas. "Além de não poluentes, contribuem para saúde, qualidade de vida, mas é preciso oferecer segurança. Então ao invés de planejar cobrar, deveriam investir. Sem contar que quem faz a entrega de verduras com um pequeno caminhãozinho, vai pagar por eixo, então será mais caro ainda e certamente isso será repassado para o consumidor", alerta. O deputado estadual Tercílio Turini também esteve presente ao encontro e incentivou a população a seguir firme nessa luta, assim como o vereador Jairo Tamura. "Vamos provocar dificuldades para que essa praça não seja instalada", foi o recado de Tamura.