Moscou, 29 (AE-AP) - O correspondente da Rádio Liberdade Andrei Babitsky, cuja detenção por forças russas na Chechênia provocou protestos dentro e fora da Rússia, foi libertado hoje (29) de custódia.
A libertação ocorreu menos de um dia depois que o presidente em exercício Vladimir Putin questionou publicamente a forma como o Ministério do Interior estava tratando o caso e sugeriu que não havia razão suficiente para manter o repórter detido.
Babitsky, cujas reportagens feitas no lado rebelde irritaram oficiais russos, foi detido na Chechênia em janeiro. Autoridades russas anunciaram então que ele havia sido trocado com os rebeldes por soldados russos capturados.
O caso estava envolto em mistério, com Babitsky tendo desaparecido e oficiais russos fazendo declarações contraditórias sobre a troca. Muitos colegas de Babitsky temeram que ele tivesse sido morto e que o governo estivesse tentando encobrir o escândalo.
Babitsky reapareceu na sexta-feira sob custódia de oficiais em Makhachkala, a capital da república russa do Daguestão, que faz divisa com a Chechênia. Ele foi acusado de carregar um passaporte azeri falso e oficiais também resgataram antigas acusações de supostos vínculos de Babitsky com rebeldes chechenos.
Horas depois da intervenção de segunda-feira de Putin, Babitsky foi levado para Moscou. Oficiais disseram que as acusações contra ele não justificavam mantê-lo sob custódia, mas que a investigação iria continuar e que ele havia concordado em não deixar Moscou.
Babitsky, numa entrevista hoje à tevê independente NTV, disse que o passaporte falso do Azerbaijão foi dado a ele por seus captores, que pegaram seus documentos.
"Aqueles que me acompanharam não me deixaram outra escolha a não ser tentar entrar no Azerbaijão, o que eu não queria fazer". Ele acrescentou que não conseguiu cruzar a fronteira do Daguestão com o Azerbaijão porque os fraudadores esqueceram de colocar um selo no passaporte.
Babitsky afirmou ter persuadido sua escolta a fazer uma parada em Makhachkala, onde ele foi detido.
O repórter garantiu não saber quem eram os homens que o mantinham.