Leilão do IRB-Brasil atrai multinacionais, mas a participação na disputa ainda é incerta
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sábado, 18 de março de 2000
Leilão do IRB-Brasil atrai multinacionais, mas a participação na disputa ainda é incerta19/Mar, 18:30 Por Maria Fernanda Delmas Rio, 19 (AE) - A privatização do IRB-Brasil Re, o monopólio estatal de 60 anos no setor de resseguros, atraiu por enquanto quatro das 14 resseguradoras que instalaram escritórios no País. Mas as empresas que já visitaram o centro de informações (data room) do IRB, aberto no ano passado e agora atualizado, são quatro das gigantes mundiais: Swiss Re, Munich Re, Transatlantic Re e General & Cologne Re. O interesse neste mercado, ainda pequeno no Brasil, no entanto, não é garantia de que marcarão presença no leilão. Elas estão avaliando os números atualizados do IRB e, dependendo do resultado, não descartam desistir da disputa. Os interessados dizem que a vantagem de comprar o IRB é sua base de clientes. Mas lembram que, por outro lado, o instituto tem 4 mil processos na Justiça e operações deficitárias em Londres e Nova York. "Estamos refazendo os cálculos do que seria o preço ideal para ver se vale a pena", declarou o diretor da norte-americana Transatlantic, Paulo César Pereira Reis. A norte-americana General & Cologne, também aventa a hipótese de ficar de fora. "Estamos analisando os dados mais recentes para ver se o preço mínimo é viável", disse o diretor presidente da resseguradora, Daniel Castillo. A venda de 90% do capital votante (45% do total) do IRB está marcada para 25 de abril, pelo preço mínimo de R$ 520 milhões, e outras 50 mil ações serão oferecidas aos empregados, pelo preço de R$ 27,3 milhões. Mas os entraves à venda do IRB já começaram. O IRB foi obrigado a pagar, no ano passado, imposto de renda referente à remessa de prêmios para o exterior, retroativo aos últimos cinco exercícios, o que mexeu com o preço mínimo e ajudou a reduzir o lucro do IRB de R$ 170,3 milhões para R$ 155,4 milhões, em 1999. No meio do ano, o Conselho Nacional de Desestatização (CND) ainda reviu para baixo o valor do imposto, o que fez o preço mínimo subir de R$ 460 milhões para os R$ 520 milhões. O Brasil tem um grande potencial para o mercado do resseguro, ou seja, do seguro do seguro, feito quando a companhia seguradora assume um contrato cujo grau de risco é maior do que sua capacidade financeira. O resseguro envolve essencialmente grandes valores, como seguros de aviões, do sistema habitacional e de empresas petrolíferas. A arrecadação de prêmios do IRB em 1999 foi de R$ 1,15 bilhão, cerca de 5% do mercado de prêmios de seguros diretos. O diretor da Susep Lídio Duarte projeta um mercado de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões em três anos. O resseguro também deve roubar negócios do cosseguro - modalidade feita por um pool de seguradoras -, um mercado hoje de R$ 1,7 bilhão. Pode ser que se vejam seguradoras nacionais associadas às grandes resseguradoras para comprar o IRB. A seguradora do Banco do Brasil, Aliança do Brasil, foi a quinta empresa a requerer os dados do IRB, e deveráprocurar parceiros. As 127 seguradoras que atuam no Brasil são donas de metade do capital do IRB desde 1997, com ações preferenciais (sem direito a voto). As maiores participações são da Bradesco Seguros (6,6% do capital preferencial), Bradesco Previdência (3 9%), Unibanco Seguros (3,7%), Itaú Seguros (3,2%) e Sul América (2,5%).