Santiago, 15 (AE-AP) - O economista Joaquín Lavín é o candidato presidencial mais atípico da direita chilena em muitos anos, e o primeiro que apresenta um real desafio aos adversários do general Augusto Pinochet.
Apesar de seu estilo diferente, Lavín tem também muitas das características clássicas de candidato conservador. É católico praticante, integrante da Opus Dei, liberal no campo econômico e conservador no político. Vai à missa e comunga diariamente, confessa uma vez por mês.
Uma das características do economista com pós-graduação na Universidade de Chicago, de 46 anos, é ser "um fazedor de coisas", como destaca a biografia que seus colaboradores colocaram na Internet.
Ele ganhou essa reputação durante seu primeiro mandato como prefeito de Las Condes, uma das comunidades mais ricas do país. A consequência foi sua reeleição com inéditos 77% dos votos.
Lavín se destacou por sua criatividade para enfrentar problemas como o congestionamento de trânsito, a segurança dos cidadãos, as gangues juvenis, a poluição.
"As coisas que interessam às pessoas", como considera esses problemas e promete que se conquistar a presidência, repetirá suas fórmulas em todo o país.
Certa ocasião, ele contratou um avião para bombardear as nuvens sobre sua comunidade para fazer chover e limpar o ar poluído. Mas a água se evaporou rápido demais.
Para enfrentar o congestionamento das ruas, criou semáforos móveis que eram levados aos locais onde eram mais necessários num momento determinado.
Para desestimular o uso do automóvel, criou um frota de ônibus que transportava grátis os moradores de Las Condes a seus trabalhos. Apesar de que a bordo se oferecesse jornal e café, o entusiasmo dos passageiros durou apenas um par de meses.
Lavín provocou uma controvérsia ao criar sua própria guarda municipal para combater a delinquência na comunidade, formada por policiais ou militares retirados, alguns deles armados.
Ele é o candidato da União pelo Chile, aliança integrada pelos partidos União Democrata Independente e Renovação Nacional.
Depois de uma candidatura derrotada ao Congresso em 1989, ele serviu dois períodos como prefeito e fixou seus olhos na presidência, apoiado por uma equipe de amigos-assessores que tocam sua campanha.
Lavín insiste que sua atenção está concentrada "nos temas que interessam às pessoas", e não em questões políticas, às quais se recusou a debater. "Não me interessa ganhar de (Ricardo) Lagos", seu adversário socialista, insiste. "Interessa-me ganhar do desemprego, da delinquência, da poluição".
Seus adversários o rotulam de populista e de sucessor de Pinochet, de cujo regime ditatorial buscou distanciar-se ainda antes de começar a campanha.
Mas seus adversários se encarregaram de lembrar que ele não só apoiou Pinochet quando o ex-ditador tentou estender seu mandato através de um plebiscito em 1988. Em 1975, ele foi assessor do estatal Escritório de Planejamento.
Lavín superou um obstáculo difícil quando o próprio Pinochet rechaçou sua candidatura, antes de o ex-ditador ser detido em Londres. Pinochet e sua esposa sugeriram que Lavín era jovem e inexperiente demais para ser presidente.
Quando Lavín lançou sua campanha, as pesquisas não lhe davam nenhuma esperança, mas ele disparou nas preferências uns poucos meses antes do primeiro turno da eleição, realizado em 12 de dezembro.
Tal foi o sucesso de sua campanha que nas vésperas da votação a maioria dos analistas acreditava que ele forçaria um segundo turno, enfrentando Lagos. Foi o que aconteceu.
Lavín percorreu o país em sua "caminhada pelo Chile". No norte, se vestiu de mineiro, nos portos, de estivador, no campo, de camponês. Na Ilha da Páscoa, dançou ao ritmo polinésio, no sul balançou-se ao ritmo monótono da música mapuche, no centro, foi um camponês dançando a cueca.
Seu slogan de campanha foi "Viva a Mudança", e anunciou 60 medidas para melhorar o nível de vida dos chilenos, desde a criação em massa de empregos até o aumento da presença policial e a melhoria dos serviços públicos de saúde.
Ele é casado com Maria Estela León, com quem tem sete filhos, todos os quais o acompanharam permanentemente na campanha.

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