Belo Horizonte, 29 (AE) - A Polícia Técnica de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, divulgou hoje laudo no qual responsabiliza o cantor e líder do grupo de pagode Só Pra Contrariar (SPC), Alexandre Pires, pelo acidente que matou o vendedor José Alves Sobrinho, dia 6 de fevereiro. Segundo os peritos, Alexandre Pires dirigia seu jeep Cherokee em alta velocidade - mais de 60 quilômetros por hora, limite permitido para a avenida na qual ocorreu a colisão. O músico deverá ser indiciado por homicídio culposo, com pena que varia de seis meses a dois anos de detenção.
Em nota com as conclusões do laudo, os técnicos afirmaram ainda que tanto o cantor quando Sobrinho trafegavam na pista da esquerda, no mesmo sentido da avenida. O carro de Alexandre Pires atingiu a moto pilotada pelo vendedor na traseira e na lateral esquerda, a cerca de um metro da faixa divisória da pista. Ao contrário do que o irmão do músico, Fernando Pires, disse logo após o acidente, o vendedor estava usando capacete, como determina a legislação.
Sobrinho foi levado em estado grave para o Hospital de Clínicas de Uberlândia, onde ficou em coma e morreu, três dias depois. "A responsabilidade do acidente foi do condutor do jeep Cherokee", diz a nota, que relaciona dois motivos principais para a conclusão. O primeiro é o "excesso de velocidade" do carro do músico. O outro é fato de "o veículo maior ter de respeitar o veículo menor, conforme estabelece o Código de Trânsito Brasileiro", o que não teria acontecido.
O delegado Marco Antônio Noronha, responsável pelas investigações, não quis dar entrevistas. O assessor de imprensa da Polícia Civil de Uberlândia, Pedro Divino Rosa, informou, no entanto, que o inquérito, no qual já foram ouvidas 19 pessoas, será encaminhado à Justiça até o dia 10. Faltam ainda os depoimetos de dois médicos que atenderam o cantor, que alegou ter ficado "psicologicamente abalado" depois da colisão. De acordo com Rosa, Alexandre Pires deve ser indiciado por homicídio culposo. Caberá à Justiça avaliar relatos de testemunhas de que o cantor estaria embriagado e de que teria fugido do local, fatos que seriam agravantes no julgamento.
Defesa - Em depoimento prestado na semana passada, Alexandre Pires negou que estivesse bêbado ao volante. O cantor admitiu ter passado a noite em uma boate, com amigos, de onde saiu pouco antes do acidente. Duas testemunhas disseram tê-lo visto com copos de uísque e vodka na casa noturna. Ele garantiu, porém, que não gosta de beber e que tomou somente "três ou quatro latas de bebida energética".
Quanto à suposta omissão de socorro, Alexandre contou que, embora não estivesse ferido, deixou o local da batida rapidamente por ter se sentido mal. O irmão, Fernando Pires, prestou assistência ao vendedor. Com isso, Alexandre não fez testes de verificação de teor alcoólico.