SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O adolescente Guilherme Silva Guedes, 15 anos, foi morto com ao menos dois tiros na cabeça, no último dia 14, após ser abordado por dois suspeitos armados em Amaricanópolis (zona sul da capital paulista). A informação consta em um laudo necroscópico entregue por peritos nesta sexta-feira (26) ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

"Ao que consta, [o corpo] tinha um ferimento de entrada na nuca e um de entrada no rosto", afirmou à reportagem o delegado Fabio Pinheiro, diretor do DHPP. O policial acredita que o jovem foi primeiro ferido com um tiro na nuca. Após cair, foi novamente baleado, com "um tiro de misericórdia", no rosto.

Pinheiro não deu mais detalhes sobre o laudo, pois o documento ainda era analisado pelo departamento até a publicação desta reportagem.

O sargento da Polícia Militar Adriano Fernandes de Campos, 41 anos, suspeito de envolvimento na morte de Guedes, foi preso no último dia 17, em cumprimento a um mandado de prisão temporária de 30 dias, expedido pela Justiça. O corpo do jovem foi encontrado no limite na zona sul de Sâo Paulo com Diadema (ABC).

O sargento deverá ser indiciado pelo assassinato do adolescente quando for convocado para prestar depoimento no DHPP. A data em que ele será ouvido, porém, ainda não foi marcada pela polícia. O PM alega inocência, segundo seus advogados.

Além do sargento, o departamento de homicídios tenta identificar um segundo suspeito pelo assassinato, que aparece em imagens de câmeras de monitoramento, antes do adolescente desaparecer.

O corpo de Guilherme Silva Guedes foi encontrado, por volta das 9h30 de domingo (14), no limite entre a zona sul de São Paulo e Diadema (ABC), com tiros na cabeça e em uma das mãos. Ele, no entanto, teria sido morto em outro local, antes de seu corpo ser abandonado no terreno onde foi localizado.

Segundo registrado pelo DHPP, o corpo do adolescente estava calçado somente com meias brancas. "Vale consignar que o solado das meias brancas que a vítima calçava estavam parcialmente limpos, apesar de o corpo ter sido encontrado em uma região de terra, valendo consignar também que seu par de tênis não foi encontrado", diz trecho do documento policial.

Ainda de acordo com o departamento de homicídios, nenhum projétil de arma de fogo também foi encontrado perto do cadáver, indicando que ele teria sido morto em outra região.

A reportagem apurou que uma mulher, que terá a identidade preservada por segurança, prestou depoimento na noite desta quinta-feira (19) à Polícia Civil. Ela afirmou ter visto o momento em que Guedes foi colocado dentro de um carro e, instantes depois, ouvido ao menos dois sons semelhantes a tiros.

A morte do garoto provocou dois dias de protestos em Americanópolis, com ônibus queimados e vandalizados, um comércio foi furtado.

Vídeos com imagens de policiais militares agredindo moradores da Vila Clara, que fica na região, foram divulgados nas redes sociais. Segundo pessoas que moram no bairro, as imagens foram gravadas na noite de segunda-feira, após a primeira onda de protestos.

OUTRO LADO

Segundo a PM, o sargento suspeito pelo crime está preso no presídio militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista.

A corporação instaurou um Inquérito Policial Militar, no último dia 16, para identificar os policiais que aparecem em vídeos contendo agressões a moradores.

A Secretaria da Segurança Pública, gestão (PSDB), afirmou que as circunstâncias da morte de Guilherme Silva Guedes estão sendo investigadas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e pela Corregedoria da PM.