Dezenas de amostras coletadas diariamente em pacientes atendidos nos hospitais e nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Londrina são encaminhadas ao Laboratório de Análises Clínicas do HU (Hospital Universitário). A estrutura da UEL (Universidade Estadual de Londrina) foi credenciada no dia 15 de maio para auxiliar o diagnóstico de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Desde então, mais de 7 mil exames passaram pelas mãos da equipe numa tentativa de otimizar os leitos disponíveis para casos suspeitos e confirmados da doença.

Estrutura da UEL foi credenciada no dia 15 de maio para auxiliar o diagnóstico de pessoas infectadas pelo novo coronavírus
Estrutura da UEL foi credenciada no dia 15 de maio para auxiliar o diagnóstico de pessoas infectadas pelo novo coronavírus | Foto: UEL/AEN

Entre os testes RT-PCR, modelo considerado “padrão ouro” para a identificação da Covid-19, foram mais de 5.500 resultados apurados.

Os resultados das amostras recebidas até às 11 horas da manhã são informados no mesmo dia aos hospitais. “A partir das 11 horas começamos o processamento de identificação das amostras, a extração de RNA e posteriormente a fase de amplificação e detecção do vírus. As amostras passam por dois tipos de equipamentos e a rotina termina por volta das 21 horas. Depois desse período, os docentes plantonistas do laboratório liberam os resultados tanto no sistema interno do hospital quanto no sistema chamado GAL (Gerenciamento de Ambiente Laboratorial) para consulta externa, para profissionais da saúde que tenham acesso a esse sistema”, explicou o chefe da divisão do Laboratório de Análises Clínicas do HU, professor doutor José Wander Breganó.

A capacidade de processamento de exames no local é em torno de 200 testes por dia. A quantidade máxima tem sido atingida nas últimas semanas. Os testes RT-PCR são realizados no setor de Diagnóstico Molecular coordenado pela professora doutora Elaine Delicato. A equipe possui mais de 15 anos de experiência na área.

As amostras são coletadas por meio de um swab, espécie de haste com composição especial para a obtenção de secreções do nariz e da boca do paciente. “A maior possibilidade do teste RT-PCR dar um resultado positivo está quando a coleta do material é realizada entre o 3º e o 9º dia após o aparecimento dos sintomas. A coleta de PCR em pacientes assintomáticos pode dar positivo se, ocasionalmente, você coincidir de o paciente estar no período de infecção. Mas, em termos de diagnóstico, não é recomendado colher PCR de indivíduos que não tenham sintomas”, esclareceu.

Enquanto o exame “padrão ouro” é utilizado para identificar ou descartar a presença do vírus, o teste rápido sorológico procura detectar os anticorpos produzidos pelo organismo. Mais de 2.200 testes rápidos já foram processados no laboratório do HU.

Nas amostras de sangue utilizadas na realização de testes rápidos, os profissionais verificam a presença de imunoglobulinas IgM e IgG contra o vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Os testes rápidos avaliam a resposta do paciente frente à infecção e auxiliam o diagnóstico.

“O período para o aparecimento da IgM e IgG depende da evolução da doença no organismo. O melhor momento para detectá-los nos testes sorológicos convencionais seria a partir do 12º dia após o início dos sintomas. Em média, a IgM permanece de 30 a 60 dias na circulação sanguínea enquanto a IgG permanece no organismo por períodos superiores a 3 meses”, destacou Breganó. Considerando o tempo de coleta e de execução, os resultados são disponibilizados em torno de duas horas.

A agilidade na análise das amostras torna possível a otimização dos leitos de isolamento para Covid-19 e viabiliza a continuidade do programa de doação de órgãos nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Antes as amostras eram encaminhadas ao Lacen (Laboratório Central do Estado) em Curitiba. O laboratório do HU, em funcionamento 24 horas por dia, é também responsável pelo processamento de mais de 270 tipos de exames, incluindo o que identifica o vírus transmissor da dengue. Só no ano passado, a equipe analisou amostras de mais de 1,2 milhão de exames no total.

Atuar durante a pandemia tem sido exaustivo para a equipe. “É um serviço muito desgastante, mas, por outro lado, é gratificante poder participar e ajudar nesse momento. O laboratório como diagnóstico tem papel fundamental. A quantidade de amostras positivas que circula entre os profissionais é muito grande. Tanto eu quanto vários colegas estamos trabalhando em torno de 12 a 14 horas por dia preocupados com a parte técnica e com a segurança do pessoal. A gente vai dormir pensando nas coisas que têm que fazer no dia seguinte. É bastante trabalhoso, mas graças a Deus as coisas estão andando bem”, avaliou.

Cabines específicas são utilizadas para proteger os servidores na manipulação do material. Eles contam também com aventais, protetores faciais, máscaras, gorros, luvas e outros equipamentos. Cerca de cem funcionários entre docentes, servidores, coletadores, auxiliares operacionais, técnicos de laboratório e profissionais do setor administrativo estão envolvidos direta ou indiretamente na execução dos trabalhos.

“Sempre batalhamos desde o início para o credenciamento do laboratório. Não temos insumos para massificar os exames. As secretarias estadual e municipal de Saúde são parceiras nossas nesse processo. Fazemos o máximo possível de exames. O nosso objetivo era mesmo otimizar a utilização de leitos. Era o paciente chegar, ser diagnosticado e ser separado dos demais para ganhar eficiência na gestão dos leitos e proteger os nossos profissionais de saúde. Já tínhamos os equipamentos, a expertise. Só faltavam os insumos e o credenciamento. A sociedade como um todo foi beneficiada”, completou o reitor da UEL, Sérgio Carvalho.