Londres, 01 (AE-ANSA) - Dez anos depois da queda do Muro de Berlim, Karl Marx se vingou ao ser considerado "o maior cérebro do milênio" em um concurso organizado via Internet pela BBC.
O pai do comunismo deixou para trás gênios da física como Albert Einstein e Isaac Newton, relegados ao segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Tanta foi a surpresa com o resultado da consulta que num primeiro momento a BBC acreditou em algum tipo de complô, como por exemplo comunistas cubanos, por ordem de Fidel Castro, votando em massa em Marx.
Na verdade não existem provas, mas a suspeita de que por trás da escolha de Marx houve alguma manobra orquestrada por algum dos últimos regimes de estilo soviético advém de um detalhe: Marx superou o favorito número um, Einstein, apenas na quinta-feira, último dia do concurso.
Desde o início da consulta, em setembro, o pai da Teoria da Relatividade estava firme na frente, até que Marx recebeu uma imprevista e abundante chuva de votos.
"Talvez a eleição seja explicada, mais simplesmente, pelo fato de as pessoas serem um pouco nostálgicas", opinou a BBC News Online, o serviço Internet da televisão estatal britânica que organizou o concurso.
O triunfo de Marx coincide com o lançamento na Grã-Bretanha de uma nova biografia que o retrata como um "sádico vândalo intelectual", rabugento, afundado numa vida de "caos e miséria" em Londres.
No livro afirma-se também que ele se manteve durante muito tempo com os "benefícios de capitalistas", da ajuda do rebelde da classe capitalista que era seu amigo Friedrich Engels.
Mas o concurso falou alto: intelectualmente, o melhor é o homem que no famoso Manifesto Comunista impulsionou o proletariado para a revolução.
Há material para reflexão também para Tony Blair, que na terça- feira acentuou sua separação da esquerda tradicional ao apresentar no congresso do Novo Trabalhismo uma nova ordem: "A luta de classes terminou, começa a guerra pela igualdade de oportunidades".
Felizmente para Blair, não vão contra sua linha os outros gênios do milênio: o quarto da lista é Charles Darwin, que ganhou por pouco do mais proeminente filósofo católico de todos os tempos, São Tomás de Aquino.
Vários milhares de internautas de todo o mundo participaram da seleção, e na lista dos "10 mais" ficou em sexto o científico paraplégico Stephen Hawking (o único ainda vivo), vindo a seguir Kant, Descartes, o matemático James Clerk Maxwell e o pensador alemão Friedrich Nietszche.