O juiz Marcus Renato Nogueira Garcia negou nesta quarta-feira (3) a revogação da prisão preventiva - válida por tempo indeterminado - do guarda Michael de Souza Garcia, acusado de envolvimento na morte do estudante Matheus Evangelista, 18 anos, em março deste ano no jardim Porto Seguro, região norte de Londrina. O Ministério Público, que foi contrário ao pedido, denunciou o agente por homicídio qualificado e fraude processual, mas pediu nas alegações finais a desclassificação do primeiro delito para disparo de arma de fogo. Os GMs Fernando Ferreira Neves e João Victor Goes Arruda são investigados no mesmo processo. Apenas o último está solto.

Imagem ilustrativa da imagem Justiça nega novo pedido para soltar GM envolvido na morte de jovem em Londrina
| Foto: Núcleo de Comunicação/Prefeitura de Londrina


O advogado Eduardo Mileo, responsável pela petição, argumentou que "como a fase de depoimentos já terminou, a soltura neste momento não ofende a garantia de ordem pública. Ficou demonstrado que o (Michael) Garcia não é uma pessoa perigosa e também não há motivo para manter a prisão. Mesmo assim, vou entrar com mais um habeas corpus no Tribunal de Justiça", disse.

Sobre as acusações do MP de que os acusados teriam coagido testemunhas, principalmente amigos de Matheus, e alterado o local do crime, a defesa informou que "Michael sempre esteve ao lado da verdade. Isso não aconteceu", comentou Mileo. Na decisão, o magistrado escreveu que "a preservação da ordem pública não se delimita a proteger apenas a tranquilidade da sociedade, abrangendo também o resguardo à credibilidade social com o consequente aumento na confiança da população nos mecanismos de repressão às diversas maneiras de delinquir".

Para o advogado Mário Barbosa, representante da família de Evangelista, "é crucial a manutenção da prisão preventiva do Michael para o bom andamento processual. Como bem salientou a Justiça, o réu em questão, em companhia dos corréus, teria ameaçado testemunhas inquiridas no curso das investigações, o que fatalmente, na opinião dos familiares da vítima, pode vir ocorrer novamente", observou.
Fernando Neves e Michael Garcia estão detidos em unidades do Corpo de Bombeiros de Londrina.

Relembre o caso

Os guardas alegam que Matheus estava baleado quando chegaram para atender uma ocorrência de perturbação de sossego no jardim Porto Seguro, já que teriam sido chamados por moradores incomodados com o barulho. Amigos do rapaz ouvidos pela Polícia Civil desmentiram essa versão. Durante reconstituição do caso, o delegado Ricardo Jorge, que conduziu o inquérito, informou que o tiro que matou Evangelista saiu da pistola de Fernando Neves.