O Juízo da Vara da Fazenda Pública de Joaquim Távora, no Norte Pioneiro do estado, determinou liminarmente a remoção de 18 presos definitivos que estão cumprindo pena na cadeia pública da cidade. A decisão atende pedido formulado em ação civil pública pelo Ministério Público do Paraná, por meio da Promotoria de Justiça da comarca.

18 presos definitivos que estão cumprindo pena na cadeia pública de  Joaquim Távora serão transferidos para unidades prisionais do Depen.
18 presos definitivos que estão cumprindo pena na cadeia pública de Joaquim Távora serão transferidos para unidades prisionais do Depen. | Foto: Divulgação/ Prefeitura de Joaquim Távora

O promotor substituto de Santo Antônio da Platina, Bruno Figueiredo Cachoeira Dantas, explicou que a ação foi ajuizada a partir de inquérito civil que constatou inúmeros problemas na carceragem local, como péssimas condições de estrutura e higiene, e a existência de presos condenados cumprindo irregularmente pena em definitivo – o que deveria ser feito em estabelecimento penitenciário e não em cadeia pública. Foi verificada ainda a ausência de agentes penitenciários designados para atuar na cidade, situação que faz com que os próprios investigadores de polícia realizem as funções de auxílio e vigia dos presos, o que prejudica as investigações em curso e a segurança da população. “Como não tinha agente penitenciário designado, quem fazia o trabalho eram os investigadores da Polícia Civil e isso configurava desvio de função, o que causava prejuízo à comunidade”, destacou Dantas.

Sobre a questão da segurança do prédio, Dantas ressaltou que a queixa foi amparada em laudo do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária. “Por este motivo pedimos a reestruturação física do local e a designação de agentes penitenciários para a cadeia de Joaquim Távora. Houve acolhimento por parte da Justiça para que o Governo apresentasse esse plano em até 20 dias. A ação foi protocolada no dia 6 de janeiro e no dia 7 houve a manifestação da Justiça. Estamos aguardando o prazo de até cinco dias para que seja realizada a transferência dos presos”, destacou.

A decisão proíbe a entrada e a permanência de novos presos com condenação definitiva na carceragem da delegacia e impõe ao Estado a obrigação de apresentar, no mesmo prazo, plano de reestruturação do setor de carceragem, com cronograma de obras e designação de servidores em número suficiente. Para todas as determinações, há previsão de multa diária em caso de descumprimento.

MONITORAMENTO ESTADUAL

Desde 2016, o Ministério Público do Paraná mantém procedimento específico a partir do qual monitora a questão prisional e penitenciária do estado, por meio de projeto estratégico que busca uma retirada consistente e planejada da população prisional custodiada em carceragens de delegacias de polícia. No âmbito dessa fiscalização, e em articulação com o Tribunal de Contas do Estado, foi proposto em 2019 um termo de ajustamento de gestão e conduta com o Governo do Estado, com cláusulas que abrangem diversos eixos relacionados à questão, muitas das quais já vêm sendo atendidas, inclusive com a incorporação de várias dessas unidades prisionais desestruturadas pelo Departamento Penitenciário do Paraná. O objetivo é o aprimoramento contínuo da atual política estadual de segurança pública e penitenciária.

O coordenador regional do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná) e diretor do Creslon (Centro de Reintegração Social de Londrina), Reginaldo Peixoto, confirmou que recebeu a informação e está fazendo as distribuições às unidades prisionais. "A ideia do departamento é cumprir a ordem judicial. Essa distribuição tem que ser submetida à VEP (Vara de Execuções Penais). Já fiz o documento na própria sexta-feira e informei a VEP. Estou aguardando a distribuição com o juiz local", afirmou.