Após quase três anos do crime e dois adiamentos, o júri popular de Luis Felipe Manvailer foi cancelado mais uma vez, depois que a defesa do réu decidiu abandonar a sessão nesta quarta-feira (10). A sessão começou às 9h20 no Fórum de Guarapuava (Centro), no entanto o julgamento foi interrompido por volta das 12h30, quando a defesa se retirou durante depoimento da primeira testemunha de acusação. O professor de biologia Luis Felipe Manvailer é acusado de matar a esposa, a advogada Tatiane Spitzner.

Imagem ilustrativa da imagem Júri de caso Tatiane Spitzner é cancelado após abandono da defesa
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Em nota à imprensa, os advogados Cláudio Dalledone Júnior e Adriano Bretas argumentaram que a defesa de Luis Felipe Manvailer "foi surpreendida com a proibição da utilização de imagens das câmeras de monitoramento do Edifício Golden Garden". "Tais imagens já faziam parte do processo desde 2018, inclusive a acusação já havia veiculado vazamentos seletivos de trechos pinçados de tais imagens. A exibição do contexto inteiro de tudo o que aconteceu, antes, durante e depois é de fundamental importância para o restabelecimento da verdade.”

O advogado Gustavo Scandelari, da Dotti e Advogados, assistente da acusação, classificou o abandono de júri por parte da defesa de Manvailer como lamentável. “O júri de Luís Felipe Manvailer foi cancelado nesta quarta-feira por uma manobra da defesa do réu. Os advogados de defesa de Manvailer abandonaram o plenário após o juiz Adriano Scuissiato não permitir que um vídeo, não juntado aos autos, fosse exibido na sessão de hoje. Em novembro, o juiz já havia orientado a defesa para que o material fosse anexado ao processo." Para Gustavo Scandelari, da Dotti e Advogados, assistente da acusação do caso Tatiane Spitzner, a "postura é lamentável, pois gera prejuízo aos cofres públicos, com toda a movimentação dos servidores, jurados, testemunhas e todos os envolvidos. Com isso, o Conselho de Sentença foi dissolvido e uma nova data será marcada para o julgamento, com o sorteio de novos jurados. A família segue confiante na sentença condenatória.”

Segundo Scandelari, essa foi mais uma manobra. “Na véspera, os advogados de Manvailer já haviam tentado uma manobra para adiar o júri. A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) negou o pedido da defesa de Luis Felipe Manvailer para o cancelamento da sessão do júri.” O argumento indeferido é de que haveria imparcialidade na composição do júri e que seria necessário o desaforamento, pedido também já negado anteriormente pela Justiça. Na decisão, o desembargador Paulo Edison de Macedo Pacheco considera “inviável a concessão da ordem liminar”. Em relação à segurança, a defesa alega que haveria riscos à realização da sessão plenária devido ao clima de hostilidade na cidade. Contudo, o magistrado afirma que "infere-se dos autos que o Juiz-Presidente vem adotando todas as medidas necessárias à realização do ato.”

O juiz vai definir uma nova data para o julgamento. Manvailer responderá à acusação de homicídio qualificado e fraude processual. A advogada foi encontrada morta no dia 22 de julho de 2018, após cair da sacada de seu apartamento em Guarapuava. Após vizinhos terem ligado para a polícia noticiando o fato, a polícia não encontrou o corpo e seguiram o rastro de sangue. O corpo foi encontrado em seu apartamento, no quarto andar. A segunda acusação se deve ao fato de Manvailer ser acusado de ter removido o corpo de Tatiane da calçada e levado de volta ao apartamento. As penas para os crimes são de 12 a 30 anos para o homicídio, e de seis meses a quatro anos de prisão para a fraude processual.