Jungmann coloca ministério à disposição do governo de Alagoas para elucidar morte de sem-terra
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quinta-feira, 03 de fevereiro de 2000
Por Chico Araújo, especial para a AE
Brasília, 03 (AE) - O ministro Raul Jungmann, do Desenvolvimento Agrário, anunciou hoje que, além de determinar a ida do ouvidor agrário nacional Gercino José da Silva Filho a Alagoas para acompanhar o conflito na Fazenda São Pedro, no município de Atalaia (AL), colocou o ministério à disposição do governo alagoano "para o que for necessário na elucidação do caso". Na quarta-feira, pistoleiros mataram o sem-terra José Lenilson dos Santos, de 28 anos, e deixaram outros dois gravemente feridos.
O ministro também tem conversado com autoridades da Justiça e Segurança Pública de Alagoas visando escalarecer, num curto prazo, a morte do sem-terra. Jungmann, que confessou-se "chocado" com o episódio, também classificou o confronto como "inconcebível e insano" e disse que não vai admitir qualquer tipo de violência no campo.
Segundo ele, o ministério dará apoio irrestrito ao governo de Alagoas na execução das ações que visem punir os envolvidos no conflito da Fazenda São Pedro, de 2.400 hectares, ocupada por 225 famílias há um ano. De acordo com léderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em Alagoas, a área foi invadida por 18 pistoleiros fortemente armados que tentavam expulsar as famílias. Produtiva - Em vistoria feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a área do conflito foi considerada produtiva, mas mesmo assim continuou ocupada pelos sem-terra. Segundo Jungmann, as terras foram vistoriadas duas vezes. Nesse trabalho constatou-se, portanto, que o grau de utilização da terra era de 100% e o grau de exploração econômica de 99%. Por conta disso, segundo o ministro, a área jamais poderia ser desapropriada.