Curitiba - A Justiça de Icaraíma (67 km a noroeste de Umuarama) autorizou que as 60 famílias de sem-terra que estão acampadas em frente à fazenda Monte Azul, do apresentador de televisão Carlos Ratinho Massa, permaneçam no local até que sejam investigadas denúncias sobre a titularidade das terras. Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) alegam também que a fazenda é improdutiva, uma vez que a criação de gado é pequena para o tamanho da área.
A Federação das Trabalhores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) entrou com uma ação no Ministério Público (MP) estadual no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pedindo que a titularidade da área seja investigada. Segundo os sem-terra, a fazenda, de cerca de 3 mil hectares, tem pelo menos metade de sua área em uma reserva natural do governo federal, ou seja, seria uma área pública. ''Tudo isso está justificado em documentos'', explicou o advogado dos sem-terra, Manoel Ribeiro Santos Filho.
Com a autorização da Justiça para permanecer no local, os sem-terra se comprometeram a não invadir a fazenda, assegurou Santos Filho. Segundo o advogado dos sem-terra, a fazenda, além de estar em uma área pública, seria considerada improdutiva. Isso porque, segundo ele, lá são criadas mil cabeças de gado confinados e 500 cabeças no pasto. ''A área comportaria pelo menos 4 mil cabeças de gado'', explicou.
A reportagem da Folha tentou entrar em contato com o apresentador Ratinho, mas foi informada pela sua assessoria de imprensa que ele não poderia atender. O advogado do apresentador, Guilherme Gonçalves, não foi encontrado e não retornou aos telefonemas.
Na última segunda-feira, integrantes do MST do Paraná e Santa Catarina, invadiram a sede da Fazenda Esperança, em Abelardo Luz (SC), divisa com o município de Clevelândia (43 km a leste de Pato Branco), e mantém sete funcionários presos no local.
Segundo o proprietário da fazenda, Manoel Lustosa Martins, os sem-terra já invadiram uma parte da fazenda há mais de um ano e a polícia de Santa Catarina nunca cumpriu o mandato de reintegração de posse. A polícia está negociando com os líderes da invasão para liberar os funcionários. Eles podem circular pelo local, mas estão todo o tempo vigiados.