Juiz interrompe júri do julgamento da Boate Kiss para jogo entre Grêmio e Corinthians
Julgamento prossegue na noite deste domingo (5); faltam dezesseis pessoas a serem ouvidas
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sábado, 04 de dezembro de 2021
Julgamento prossegue na noite deste domingo (5); faltam dezesseis pessoas a serem ouvidas
Fernanda Canofre/ Folhapress
Porto Alegre - O juiz Orlando Faccini Neto afirmou que vai interromper neste domingo (5), às 17h, o julgamento dos réus acusados pelo incêndio na boate Kiss durante o jogo entre Grêmio e Corinthians. A intenção é que os jurados consigam assistir, ao menos, o segundo tempo da partida, que começa às 16h.
"Eu vou viabilizar, se todos concordarem, de que eles [os jurados] vejam o segundo tempo do jogo para dar uma relaxada. Então, eles verão o segundo tempo do jogo e à noite a gente segue", disse o magistrado ao final do quarto dia do Tribunal do Júri, que ocorre em Porto Alegre.
Na última quinta-feira (2), Faccini Neto já havia afirmado que é corintiano ao ingressar rapidamente na sala de imprensa.
A coordenação do júri pelo magistrado tem chamado a atenção de quem acompanha o julgamento. O magistrado não poupa palavras para dar broncas nos advogados e até em promotores de Justiça. Chegou a oferecer a própria marmita para um advogado que reclamou do tempo de intervalo.
Fora dos tribunais, Faccini Neto adota um tom despojado. Nas redes sociais, o juiz aparece de bermuda, camisa e pés descalços. O perfil no Instagram é aberto e cheio de fotos de viagens. Em vídeos caseiros, toca violão por vezes, sem camisa.
JÚRI JÁ OUVIU 13 PESSOAS RESTAM 16
Até agora, 13 pessoas já prestaram depoimento no Tribunal do Júri, considerado o maior da história do judiciário gaúcho, devido ao tempo de duração e estrutura envolvida. Ainda restam 16 pessoas para serem ouvidas dessas, 12 são testemunhas e quatro são vítimas.
Hoje, três pessoas prestaram depoimento. O primeiro a ser ouvido foi Alexandre Augusto Marques de Almeida, 38 anos, que disse que o uso de fogos de artifício trazia "glamour" às bandas. E observou que o sócio da Kiss, Elissandro Spohr, não permitiu o uso de fogos de artifício na primeira vez que a banda que ele produzia foi tocar na casa noturna. Na sequência, foi ao plenário o desenhista industrial Maike Adriel dos Santos, 29 anos. No dia do incêndio ele foi comemorar o aniversário de uma amiga, que não sobreviveu.
Última a depor, a sobrevivente Cristiane dos Santos Clavé, 34, afirmou que teve que fechar os olhos e tatear nas paredes para conseguir sair da boate. Do lado de fora, disse que passou "por cima de corpos" no chão para procurar um amigo, que acabou morrendo no local.