Centenas de milhares de jovens estão reunidos em Lisboa, em Portugal, para a JMJ (Jornada Mundial da Juventude) de 2023. O tradicional evento católico, que foi criado em 1985 pelo Papa João Paulo 2º, começou na terça-feira (1) e segue até domingo (6). E, entre aqueles que partilham da fé e aguardam para ouvir o papa Francisco, estão dezenas de jovens londrinenses e da região Norte do Paraná.

O padre Romão Martins, da Paróquia São Vicente de Paulo, na zona sul de Londrina, está acompanhando 25 jovens. Cerca de cem fiéis de paróquias que compõem a Arquidiocese de Londrina foram ao evento. O grupo de Martins chegou na semana passada e deve retornar na segunda-feira (7).

De acordo com o padre, a JMJ é o momento de “mostrar para o jovem que ele tem espaço dentro da Igreja”. Esse desejo, inclusive, é compartilhado pelo papa visando uma renovação da instituição.

“Quando eu falo renovação, não é mudar doutrina, nada disso. Mas ela precisa se renovar nas suas expressões, nos seus serviços, na atenção do mundo atual, nas respostas que ela precisa dar. Se não renovar, ela definha e perde a razão da sua missão”, afirmou.

Além disso, acrescentou, a jornada é importante por reunir jovens de diferentes realidades e proporcionar uma partilha de experiências. “Essa relação dinâmica contribui para derrubar preconceitos e fazer a juventude perceber que a vida vai além do quintal da sua casa.”

“Esse contato faz o jovem ter uma visão universal da vida e construir pontes, como para o papa, que tem chamado muita atenção para a humanização. A Igreja tem lugar para todos. Ele enfatizou isso: ninguém pode ficar de fora da Igreja”, disse.

A união desse público, que busca partilhar experiências, e a oportunidade de a instituição ouvir os anseios da juventude são alguns dos aspectos que norteiam a Jornada.

MENSAGEM

O padre de Londrina também ressalta que o papa Francisco, um homem octogenário, consegue arrastar uma multidão - apesar de todos os obstáculos - para ouvir uma mensagem simples “de paz, amor e solidaridade”.

“Esses jovens não vêm para um show, para bebedeiras, para ver artistas e times esportivos, mas para ouvir uma mensagem. E o papa não vem para acordos comerciais, para fazer algum conchavo bélico, mas para trazer uma mensagem humana para que as pessoas se olhem como irmãos e irmãs”, destacou.

ATIVIDADES

Os participantes se reuniram nas manhãs de quarta a sexta-feira para realizar as catequeses, encontros que visam a integração e a partilha. Durante as tardes, ocorreram encontros com o papa Francisco. Nesta sexta-feira, foi realizada ainda a Via Sacra, cuja mensagem foi atualizada para os dias atuais e dialogou com temas como a exclusão e a pobreza.

Neste sábado (5), o grupo participa de uma peregrinação e de uma vigília, dormindo “ao relento” para, no domingo, acompanhar missa celebrada pelo papa, a partir das 9 horas.

Segundo o padre, participar da jornada é uma experiência “extraordinária”, mas também cansativa. Além do sol escaldante de Lisboa, os participantes precisam caminhar a pé - em um dia, foram mais de dez quilômetros, conta.

“É uma energia humana que é contagiante, e ninguém reclama, ninguém lamenta. Quando termina um evento como o de hoje [a Via Sacra, nesta sexta], é um sufoco, mas ninguém reclama. Esse é um sentimento especial, um momento de partilha. Eu vejo o quanto eles [jovens] estão tocados.”

JORNADA

A Jornada Mundial da Juventude foi instituída pelo papa João 2º em 1985 visando a reunião de jovens católicos. O evento já passou por Roma (1986), Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Częstochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colônia (2005), Sydney (2008), Madri (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Cidade do Panamá (2019).