Jovem está mais exposto à violência, indica estudo
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 12 de janeiro de 2000
Agência Estado,
de São Paulo
Em apenas um ano, um em cada dez brasileiros teve de proteger-se de tiroteios, um em cada três testemunhou agressões físicas ou venda de drogas e um em cada cinco assistiu ao arrombamento de residências. Entre os jovens menores de 20 anos, a exposição à violência foi maior: em um ano um em cada quatro deles teve conhecimento de algum jovem assassinado em seu bairro e 39% souberam de alguém assaltado no local nesse período. O contato desses jovens com a violência foi muito mais frequente e mais grave nas ruas do bairro do que na escola.
Esses são alguns dos dados revelados pela pesquisa Atitudes, Normas Culturais e Valores em Relação à Violência, feita pelo Ministério da Justiça e pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP). O estudo foi divulgado conjuntamente com o 1.º Relatório Nacional sobre os Direitos Humanos no Brasil (ver texto ao lado). O trabalho foi feito a partir de entrevistas com 1.600 pessoas em dez capitais brasileiras. Segundo o estudo, 93% dos brasileiros avaliam que a violência vem crescendo, sendo que 17% consideram que o fenômeno tem forte impacto sobre sua própria família e 23% sobre seu bairro. Só 10% avaliam que a polícia garante a segurança da população e 30% acreditam que conseguiriam convencer um delegado a investigar um caso de que foi vítima.
Apesar disso, 36% das pessoas consideraram boa ou muito boa a atuação da Polícia Federal e 27% avaliaram da mesma forma a Polícia Civil. O Exército foi a instituição mais bem-conceituada: 48% consideraram sua atuação boa ou muito boa. Já as prisões ficaram com a pior avaliação: somente 12% da amostra as considerou boa ou muito boa, seguidas da Justiça, com apenas 19%.
Metade dos entrevistados acha justo usar a violência em defesa própria ou na de sua casa, enquanto 40% consideram o recurso justificável também na defesa da honra.