A pandemia do novo coronavírus tem feito com que os registros de mortes batam recordes. O mês de janeiro dos dois últimos anos foram os mais mortais da série histórica documentada pelos cartórios do Estado desde 2003. Em janeiro de 2022 foram registrados 7.451 óbitos no estado, enquanto no mesmo período de 2021 houve 7.782 mortes.

Desde o início da pandemia, Paraná soma cerca de 41 mil mortos, esse número se aproxima das baixas totais de soldados brasileiros na Segunda Guerra
Desde o início da pandemia, Paraná soma cerca de 41 mil mortos, esse número se aproxima das baixas totais de soldados brasileiros na Segunda Guerra | Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

O recuo no número de falecimentos entre um ano e outro foi de 4,2%. Porém, o início dos dois últimos anos teve registros muito acima do período anterior à pandemia de Covid-19. Na comparação com 2020, quando houve 6.063 óbitos, ainda antes do início da pandemia no país, o Paraná registrou um aumento de 28% em relação a janeiro de 2021 e de quase 23% em relação a janeiro deste ano. Já as mortes por Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave) passaram de 27 em janeiro de 2021 para 48 neste ano, um crescimento de praticamente 78%.

Desde o início da pandemia, o Paraná soma 2.233.073 casos confirmados e 41.698 mortos pela doença. Os dados constam no Portal da Transparência do registro Civil, base de dados administrada pela Arpen/BR (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais). Para se ter uma ideia, as mortes pela Covid-19 no Estado se aproximam ao número de baixas totais de soldados brasileiros na Guerra do Paraguai (50 mil), que durou de 1864 a 1870.

Outro dado importante é o crescimento de mortes por doenças do coração em janeiro deste ano na comparação com o primeiro mês do ano passado: AVC (29%), Causas Cardiovasculares Inespecíficas (17%) e Infarto (3%). Também registraram crescimento as mortes por Pneumonia (47%) e Septicemia (13%). Já os óbitos por Covid-19 tiveram redução de 65% no período.

icon-aspas No Paraná, os dados são mais fidedignos porque testamos mais
Beto Preto -

Segundo o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, boa parte das mortes se deve à passagem da pandemia. “Nós não podemos descontextualizar o fato de que nós já perdemos no Brasil inteiro quase 650 mil. E no Paraná os dados são mais fidedignos, porque testamos mais e por isso nossos números são mais próximos da realidade. É importante dizer que esse esforço não é só do Paraná, mas em todos os estados e em todo o mundo. Mas passar por uma pandemia não é fácil", afirma.

Preto acrescenta que a vacinação contra a Covid é o único caminho a ser seguido. “Se você se descuidar da vacina dá a oportunidade de vulnerabilizar a todos. Então, nesse momento que nós estamos vacinando crianças, vamos vacinar todos e dar um passo significativo para o futuro”, enfatiza.

A pneumologista Janne Takahara, da Associação Médica de Londrina (AML), ressalta que o que tem visto este ano e não foi observado no ano passado é a epidemia de influenza pelo vírus Darwin da H3N2, que veio da Austrália. “Foi considerada uma epidemia, porque houve um aumento do número de casos de influenza fora de época. A gente vê esse número de casos acontecendo no nosso inverno, então, o que aconteceu agora, no verão, é atípico. E a influenza é um vírus da gripe que causa uma doença pulmonar extremamente grave, principalmente nas pessoas mais suscetíveis, que são as crianças, os idosos e aqueles que têm comorbidades", aponta.

Takahara ressalta que nas primeiras duas semanas de fevereiro, Londrina registrou 496 casos de gripe e a grande maioria de H3N2 desse subgrupo Darwin, com uma taxa de óbito de 45 nestas duas primeiras semanas do mês. A taxa de vacinados contra influenza no ano passado, alerta, foi de apenas 12%, conforme aponta informe da Secretaria de Saúde. “Tivemos uma baixa taxa de adesão à vacinação de gripe no ano passado. Isso favorece uma maior carga de doença grave, apesar de que, nessa vacinação que a gente teve do ano passado, não contemplava esse subtipo da H3N2."

icon-aspas Registra-se também um aumento de óbitos em crianças por causa da covid-19

De acordo com a pneumologista, os números da Covid-19 foram "muito parecidos com os registrados no ano passado". “Outra situação é o aumento do número de casos de gripe em crianças e teve um número de óbitos em crianças. As crianças estão tendo síndrome respiratória aguda grave pela Covid, porque elas não foram vacinadas ainda no esquema completo, e estão tendo uma taxa de internação um pouquinho maior nessa época do ano.”

PORTAL DA TRANPARÊNCIA AJUDA A DIMENSIONAR A PANDEMIA

“O Portal da Transparência do Registro Civil é um importante aliado para se ter dimensão da pandemia de Covid-19 e suas consequências na população. Além de os Cartórios de Registro Civil demonstrarem sua atuação no dia a dia ao prestarem serviços de cidadania, ainda contribuem para que outras medidas sejam tomadas, a fim de colaborar com o bem-estar da população em geral”, destaca Mateus Afonso Vido da Silva, presidente do Irpen/PR (Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná).

Bruno Azzolin Medeiros, 1º secretário do Irpen/PR e oficial de registro civil de pessoas naturais de Bandeirantes (Norte Pioneiro) afirmou que neste momento em que a sociedade brasileira define se realmente está saindo da fase pandêmica, esse é um objeto de debate constante não só no Brasil, mas em outros países. “Ferramentas como essa, disponibilizadas pelos cartórios constituem um instrumento de grande importância para a definição dos próximos passos a serem tomados no cenário das políticas institucionais de toda a natureza. O Portal da Transparência segue sendo alimentado e acaba revelando aí números surpreendentes, que merecem toda a atenção da sociedade nesse momento.”

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