A capela semipública é uma forma de aproximar as freiras do povo: "somos enclausuradas, mas não isoladas", explicam
A capela semipública é uma forma de aproximar as freiras do povo: "somos enclausuradas, mas não isoladas", explicam | Foto: Roberto Custódio



Com a ajuda de toda a comunidade da Arquidiocese de Londrina, as irmãs carmelitas descalças do mosteiro Nossa Senhora de Guadalupe, em Londrina, realizaram o sonho de construir uma capela semipública, que é uma forma de aproximá-las do povo. O espaço de oração, dedicado à Santíssima Trindade, foi inaugurado neste domingo (10), com uma missa celebrada pelo arcebispo de Londrina, dom Geremias Steinmetz.

"Além da nossa vida contemplativa, precisamos ter o povo conosco porque nós não podemos viver isoladas, somos enclausuradas, mas não isoladas. Estamos junto com o povo embora estejamos em clausura", disse a madre Maria Daili. A capela é semipública, explicou ela, porque é aberta a toda a comunidade apenas durante o dia, com a celebração de missas matinais diárias. De segunda a sábado, às 7h, e aos domingos, às 8h.

Foi uma espera de 14 anos, segundo a madre. E a construção da capela só foi possível porque toda a comunidade colaborou de várias formas. "A comunidade Imaculada Conceição abraçou a causa, o desejo e o sonho das irmãs em concretizar essa obra tão necessária para a vida do mosteiro. Foi um trabalho muito bonito ver a comunidade se empenhando para que pudéssemos angariar os fundos necessários", ressaltou o padre responsável pela paróquia Imaculada Conceição, Paulo Henrique Rorato. O fundo para a execução do projeto veio de jantares, shows de prêmios e doações e em um ano a capela foi erguida.

"É uma construção que consolida o mosteiro Nossa Senhora de Guadalupe no sentido de que agora tem uma maior possibilidade de participação da comunidade junto com a comunidade das irmãs, das monjas", afirmou o arcebispo dom Geremias Steinmetz.

PROJETO
Para elaborar o projeto da capela, o arquiteto responsável, Roberto Kakobo, buscou inspiração em uma capela existente na cidade de Toledo, na Espanha. Em sua visita ao local, há alguns anos, ele se encantou com o fato de o espaço ter sido todo esculpido em uma rocha, como se fosse uma gruta. "Apesar de essa capela não ficar em uma rocha, a capela a qual visitei na Espanha me serviu de inspiração", contou ele. A construção tem o formato de um polígono de sete lados. "Escolhi a forma de um heptágono porque, conforme a Bíblia, o sete é o número de perfeição, da totalidade, da consciência."

Vista do alto, também é possível observar dois "braços" em forma de cruz, simbolizando o cristianismo e a Igreja Católica. "É um local de pura contemplação e onde os fiéis podem ter a sensação de serem abraçados pelo Espírito Santo."

Para a artesã Tereza Fujimoto, a capela é o local perfeito para quem procura a paz interior e a harmonia. "É um lugar para nos refugiarmos da vida urbana agitada, do nosso dia a dia, onde a gente pode buscar a Deus de modo tranquilo e calmo."

"Deus sempre faz promessas para nós, cristãos, e o carmelo é uma referência para aqueles que amam a Igreja. O carmelo, quando veio a Londrina, tinha uma missão específica que era rezar pelas vocações, gerar aqui dentro o que a Igreja mais necessita, que são famílias, mas acima de tudo sustentar os sacerdotes e aqueles que são de vida consagrada. Essa capela inaugurada hoje faz parte do processo das promessas que Deus fez para o dom Albano (Cavallin) ter acolhido as carmelitas em Londrina", destacou o missionário José Nivaldo.

No mosteiro, as irmãs carmelitas descalças fazem muito mais do que recolherem-se em oração. Elas têm um trabalho intenso na produção de produtos que disponibilizam para a comunidade e é com essa atividade que elas planejam concretizar o projeto de extensão do convento. Diariamente elas abrem as portas para todos aqueles que quiserem adquirir alimentos cultivados por elas na horta, ovos, leite, manteiga, pães, biscoitos e outros produtos artesanais. Elas também recebem pedidos de oração.

SERVIÇO - O mosteiro fica na rua Celestina Botoletto Cavallin, 670, no jardim Nova Esperança (zona sul). O telefone é o 3342-5405.