A quadrilha que sequestrou o compositor Wellington Camargo, 28 anos, irmão da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, é liderada por membros de uma família que age no Paraná desde 1976. Os irmãos Oliveira são uma lenda do crime no Estado, principalmente nas regiões de Maringá, Munhoz de Mello e Cianorte, onde começaram a vida criminosa.
Dos seis irmãos, três participaram do sequestro de Wellington. O líder Moacir Francisco, José Francisco de Oliveira e Ademir, o mais novo, que está paralítico, após ter levado um tiro na coluna e que fazia as ligações telefônicas. Dois - Joaquim e Osmar - morreram em confrontos com a polícia. E Manoel, o mais perigoso, conforme a polícia, está preso desde fevereiro em Campo Grande (MS).
O delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Mário Ramos, perseguiu o grupo por três anos no começo da década de 90 e classifica os irmãos como ‘‘bárbaros’’. Segundo Ramos, eles usam o que há de mais moderno em termos de armamentos, dando preferência ao Fuzil Ponto 30, mais potente que o Fuzil AR-15.
Reza a lenda que os Oliveira praticaram os primeiros crimes após a morte da patriarca da família, que teria ocorrido depois de uma prisão injusta, segundo eles. Conforme Ramos, os irmãos fizeram uma escalada gradativa no crime. Começaram com assaltos a carros, depois postos de gasolina, cargas, joalherias, bancos e, por fim, sequestros. O delegado afirma que as primeiras notícias de crimes praticados por eles são de 1976. De lá para cá, foram presos diversas vezes, mas sempre conseguiram escapar.
Nascidos em Bragança Paulista (SP), os irmãos foram criados em Munhoz de Mello, próximo de Maringá. Na região, segundo Ramos, eles eram tão temidos que, para extorquir dinheiro de famílias ricas, bastava uma ameaça por telefone.
Um dos crimes mais famosos do grupo foi o sequestro do empresário Samuel Tolardo, de Maringá, em 1991. O crime na época foi planejado pelo corretor de imóveis Willian de Almeida, que cumpriu pena e está em liberdade condicional. A quadrilha pediu US$ 2 milhões, depois foram reduzidos para US$ 1,5 milhão. Na tentativa de fuga, depois de trocar tiros com a polícia, os irmãos Oliveira tomaram um ônibus com 36 estudantes e foram interceptados por policiais do distrito de Bela Vista, município de Cambira.
Eles ficaram das 18 horas de uma quarta-feira até as 15 horas dia seguinte, com os reféns. Cercados pela polícia, os Oliveira começaram a troca de tiros. No local, morreram um refém - Ismael de França -, uma pessoa que acompanhava o sequestro e o sequestrador Osmar Francisco de Oliveira. Os irmãos Manoel e Joaquim Oliveira foram presos. Levado à Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, Joaquim Francisco liderou uma rebelião de presos, em 1993. Na troca de tiros com a polícia Joaquim também foi morto.
No sequestro de Wellington, os irmãos voltaram a surpreender pela frieza e crueldade. O compositor ficou 94 dias em cativeiro e teve um pedaço da orelha cortado, para ser mandado à família como prova de que ainda estava vivo. Moacir Francisco havia dito que, se Wellington morresse no cativeiro, o grupo iria sequestrar o filho de Zezé di Camargo. Se o sequestro fosse frustrado de alguma forma, segundo Moacir Francisco, o irmão de Wellington, Emanuel Camargo, que fazia as negociações, deveria ser morto.