VINHEDO, SP - O órgão responsável pela investigação sobre a queda do voo 2238 da Voepass, que deixou 62 pessoas mortas, anunciou no domingo (11) que extraiu 100% dos dados da caixa-preta da aeronave.

"Toda a gravação das duas caixas pretas, de voz e de dados, foram codificadas com sucesso", afirmou o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Força Aérea responsável por investigar acidentes de aviões.

Com o fim do resgate dos corpos na noite de sábado (10), o trabalho em Vinhedo (no interior de São Paulo) agora está concentrado na busca pelas causas do acidente. Todos os mortos já foram transferidos para o IML (Instituto Médio Legal), em São Paulo, para identificação.

SEM COMUNICAÇÃO

Com os primeiros dados sobre o acidente, o chefe do Cenipa confirmou que não houve comunicação entre o comandante da aeronave e a torre de controle- informação que já vinha sendo emitida pelas autoridades. As investigações tentarão, agora, entender se isso se deu por falha técnica no sistema de comunicação do avião.

O Cenipa não sabe estimar quando os destroços serão removidos do condomínio em que o avião caiu, em Vinhedo, no interior de São Paulo, sobretudo os motores, considerados cruciais para a investigação.

"Os dados das caixas pretas foram extraídos e agora aguardamos nossos investigadores regressarem a Brasília para transformar esse número enorme de dados em informação útil para a sociedade", declarou Moreno.

30 DIAS

Segundo o Cenipa, um relatório preliminar deve ser emitido em 30 dias. O órgão destacou que não há a possibilidade de concluir esse documento em tempo menor, uma vez que é necessário cumprir protocolos internacionais de investigação de acidentes aéreos.

"Seguindo esses protocolos, temos por dever convidar os países envolvidos na fabricação dessa aeronave", complementou Moreno.

A Agência Francesa BEA (equivalente ao Cenipa), chegou ao local pela manhã de domingo para integrar a investigação. A aeronave ATR 72-500 é de fabricação francesa.

O órgão brasileiro aguarda ainda a chegada da agência canadense TSB, que deve apurar se no momento da queda os dois motores da aeronave tinham potência - o equipamento é canadense.

Até que todos os órgãos concluam suas respectivas atribuições, o local seguirá interditado. O receio do Cenipa é de que a remoção rápida dos destroços incorra em algum prejuízo à investigação.

A aeronave caiu na sexta-feira (9), durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.

O acidente matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. Inicialmente, foi divulgado que 61 pessoas estavam no avião. Mas, no sábado (10), a Voepass afirmou que o nome de um passageiro não constava da lista de embarcados.