A Comissão Especial Eleitoral da eleição para o Conselho Tutelar de Ibiporã resolveu, por maioria de votos, impugnar a candidatura de Juliana Zeferino, primeira colocada do pleito com 273 votos. A decisão foi publicada na edição desta terça-feira (29) no Jornal Oficial do Município e foi assinada pela presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Denise Fabrini Castoldo, entidade organizadora do processo, que teve a participação de 1.160 eleitores. Os sete novos conselheiros tutelares tomam posse no dia 10 de janeiro.

Imagem ilustrativa da imagem Investigada na Operação Necrópole, candidata eleita para Conselho Tutelar de Ibiporã é impugnada
| Foto: Reprodução/Polícia Civil

A candidata foi excluída a pedido do Ministério Público porque é uma das 13 pessoas investigadas na Operação Necrópole, da Divisão de Combate à Corrupção (DCCO) da Polícia Civil do Paraná que afirma ter desvendado um esquema de venda ilegal de terrenos no cemitério São Lucas, o único público de Ibiporã. Por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, o MP sustenta que Juliana teria ameaçado por telefone uma das vítimas com o objetivo de coagi-la.

De acordo com a denúncia, ela não teria apenas conhecimento das irregularidades, como "atuava diretamente para garantir o recebimento das vantagens ilícitas decorrentes do esquema criminoso". Para os responsáveis pela investigação, o suposto comportamento fere um dos artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o 133, que determina "reconhecida idoneidade moral" para a candidatura do membro do Conselho Tutelar.

No documento disponibilizado no Diário Oficial de Ibiporã, a candidata se defendeu. Negou qualquer ato de ameaça, "como também que em hipótese alguma haveria confessado tal prática, acrescentando que, em depoimento, negou veementente a suposta prática do fato inicialmente a ela imputado. "A denúncia acabou afetando a imagem dela (Juliana), e, consequentemente, poderia influenciar enquanto conselheira. Ainda há prazo para recorrer. Ela pode entrar com um mandado de segurança questionando o parecer", disse Denise Fabrini.

A Comissão Especial Eleitoral, que tem oito integrantes, recebeu três solicitações de impugnação, todas por propagandas irregulares, inclusive uma apresentada contra a própria Juliana por um conselheiro também eleito. Em todos os casos, os organizadores descartaram qualquer tipo de irregularidade.

Procurada pela FOLHA, a defesa de Juliana Zeferino se manifestou por meio de nota divulgada pelos advogados Giovani Pires de Macedo e Fábio Franz. Veja abaixo:

"A defesa da candidata esclarece que houve um pedido de impugnação à candidatura, feito pelo Ministério Público daquela cidade, onde é alegado que aquela não possui idoneidade moral para assumir o cargo para o qual foi eleita pela população, impugnação esta baseada no fato de estar a candidata sendo investigada por suposta ameaça, na mencionada "Operação Necrópole". A Comissão Especial do CMDCA daquela cidade decidiu, por maioria simples, e não unanimidade, pelo afastamento da candidata, na data de 29/10/2019.

Porém, é imperioso esclarecer que trata-se de um julgamento administrativo, não definitivo. Tais votos, proferidos por apenas cinco pessoas, não podem ser considerados suficientes para afastar a maioria da populção, que confirmou a credibilidade e idoneidade da candidataapós a votação expressiva que obteve.

Esclarecemos ainda que a candidata não possui qualquer antecedente criminal e tampouco é culpada pela suposta ameaça que, conforme restará comprovado, não existiu. A Constituição Federal proíbe expressamente este tipo de punição, em atenção ao princípio da presunção da inocência.

Esclarece também, esta defesa, que o recurso administrativo e a judicialização do procedimento já estão sendo providenciados, para que a busca dos direitos da sra. Juliana Zeferino seja completa e, ao final, transpareça a necessária justiça, culminando na posse daquela como conselheira tutelar da cidade de Ibiporã após ser a candidata com mais votos obtidos dentre todos os concorrentes".