Intervenção de Clinton supera impasse
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sexta-feira, 07 de janeiro de 2000
Shepherdstown, EUA, 07 (AE-AP) - Graças à intervenção do presidente americano, Bill Clinton, as delegações de Israel e Síria superaram hoje (07) o impasse que, desde segunda-feira, bloqueava as negociações de paz entre as duas partes, retomadas após quatro anos de paralisação total. Clinton viajou a Shepherdstown, a cem quilômetros de Washington, para apresentar um documento destinado a solucionar as divergências entre israelenses e sírios sobre que pontos negociar primeiro.
A Síria queria partir diretamente para a negociação da retirada militar de Israel das Colinas do Golan, enquanto os israelenses pretendiam abrir o diálogo discutindo compromissos sobre segurança. "O documento proposto pelo presidente proporciona às equipes um sumário dos pontos a solucionar", disse o porta-voz da Casa Branca, Joe Lockhart. "Trata-se de um instrumento de procedimento, para centrar as questões de fundo."
A proposta de Clinton foi apresentada separadamente ao primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, e ao ministro de Relações Exteriores sírio, Faruq al-Shara. Antes, o presidente americano reunira-se com sua secretária de Estado, Madeleine Albright.
Aparadas as arestas, Clinton promoveu o segundo encontro direto entre Barak e Al-Shara desde a abertura das negociações. "Já não há mais um impasse", disse um delegado israelense. "A atmosfera das negociações melhorou muito depois das reuniões promovidas pelos mediadores americanos."
Antes de partir para Shepherdstown, Clinton tinha declarado que as negociações entre Síria e Israel eram "muito duras e difíceis", destacando, porém, que as equipes demonstravam boa-fé nas discussões. "É preciso ter em mente o grande objetivo deste diálogo, que deve definir como será o Oriente Médio dentro de cinco ou dez anos."
As Colinas do Golan, originalmente sírias, foram ocupadas por tropas israelenses durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Israel, por seu lado, quer que a Síria reprima guerrilheiros xiitas do Hezbollah que instalaram suas bases no sul do Líbano, de onde atacam o norte do território israelense.