São Paulo, 01 (AE) - A indústria de autopeças está planejando produção para um mercado de 1,650 milhão de veículos este ano se houver programa de renovação da frota. Se o programa não for aprovado, o planejamento será refeito para 1,5 milhão de unidades, 10% menos, segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças), Paulo Butori. Para o mercado externo, a expectativa é mais otimista. A desvalorização do real no ano passado vai fazer o setor de autopeças faturar pelo menos mais US$ 200 milhões com exportações este ano.
"Para quem está preparado e já trabalhou para um mercado de 2 milhões de veículos, 1,650 milhão ainda é ruim, mas é menos desgraça do que 1,5 milhão", disse Butori. No ano passado foram vendidos no País 1,252 milhão de veículos. Já em relação ao aumento das exportações o dirigente disse que a sua previsão "é até modesta". O resultado poderá ser até maior.
Segundo Butori, os fabricantes de componentes para veículos passaram todo o ano passado investindo em novos ferramentais e requisitos específicos para atender a clientes de outros países. O resultado será colhido este ano, quando o faturamento total do setor no exterior deverá somar, no mínimo, US$ 4,2 bilhões.
Segundo o presidente do Sindipeças, os clientes de outros países vêm pedindo descontos por conta da desvalorização da moeda. A indústria de autopeças trabalha com a expectativa de a cotação do dólar se manter entre R$ 1,75 e R$ 1,85 este ano.
Carnaval - Os fabricantes de autopeças devem esperar até o Carnaval para saber o tamanho da demanda e, assim, efetivamente planejar a produção para o ano. Segundo Butori, no ritmo atual, a demanda hoje é para um mercado de 1,1 milhão de veículos.
O presidente do Sindipeças elogiou a iniciativa do governador de São Paulo, Mário Covas, de criar medidas de salvaguarda para produtos de empresas que receberam incentivos fiscais. "São Paulo não pode entrar na guerra fiscal porque prejudicaria as empresas que já estão instaladas no Estado", disse. "Mas ao adotar medidas de salvaguarda ajuda a nivelar as condições", completou.
Mercosul - A exigência do governo argentino, de que 30% dos componentes dos seus carros sejam nacionais vai forçar a indústria de autopeças instalada no Brasil a investir em fábricas no país vizinho, segundo Butori. "Vamos ter que instalar linhas de produção na Argentina porque somos obrigados a seguir as montadoras", disse. Os argentinos pleiteiam um conteúdo local de 30% para fechar acordo para o regime automotivo. Segundo o dirigente, a demora nas negociações para o regime automotivo no Mercosul está atrapalhando a programação de produção do setor.