Um incêndio ocorrido na madrugada deste sábado (7) destruiu cerca de um terço da estrutura da Ponte Pênsil Alves Lima, na divisa entre Ribeirão Claro (Norte Pioneiro) e Chavantes (SP). A ponte de 164 metros sobre o Rio Paranapanema é tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná e de São Paulo. A ocorrência foi atendida pelo Corpo de Bombeiros de Jacarezinho por volta das 4h30, após comunicado da equipe local da Polícia Militar. Cerca de 40 metros da estrutura de madeira ficaram completamente destruídos.

Imagem ilustrativa da imagem Incêndio destrói ponte histórica de Ribeirão Claro
| Foto: Divulgação

A Polícia Civil deve abrir um inquérito para investigar o caso, mas a principal suspeita é que o incêndio seja criminoso, alimentado por combustível sobre as madeiras de sua estrutura. De acordo com o cabo Gustavo, dos Bombeiros de Jacarezinho, equipes dos dois estados fizeram o combate às chamas até o meio dia. Segundo informações preliminares, um suspeito já foi preso pela Polícia de São Paulo e estaria em Ourinhos (SP).

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Segundo o chefe da Coordenação do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná, Vinicio Bruni, o setor responsável pelos bens tomados precisará avaliar detalhadamente a situação para depois trabalhar na recuperação da ponte. “Temos que analisar bem o caso, esperar as vistorias e as perícias para então trabalhar com parceria com o município para reerguer a estrutura”, explicou. No processo deverá ser acompanhado ainda pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas.

INCÊNDIOS

Esta é a quarta vez que a ponte - inaugurada nos anos 1920 como corredor para o escoamento da safra de Café do Paraná para o Porto de Santos - é destruída. A primeira vez ocorreu em 1924, durante a Revolução Paulista, também em um incêndio. Terminado o conflito, as obras de reconstrução foram iniciadas, terminando em 1928. A segunda destruição ocorreu por dinamite na Revolução de 1932, no confronto entre gaúchos e paulistas. Foi reerguida pelo governo paulista quatro anos depois.

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A terceira tragédia aconteceu em junho de 1983, vitimada pela maior enchente de que se tem notícia na região, mas ela foi recuperada dois anos depois. Com a construção de uma outra ponte, de cimento, paralela à ela, o antigo acesso perdeu sua importância rodoviária, mas ganhou força a mobilização para torná-la um patrimônio histórico, o que se tornou realidade em 1985 em São Paulo e só em 2001 no Estado do Paraná.

RESTAURO

Em 2010, diante do péssimo estado de conservação da ponte, o governo dos dois estados fizeram a revitalização da estrutura, entregue em 2011 com obras que custaram mais de R$ 2 milhões. Diante de mais uma destruição, os moradores da região que se acostumaram a passar os fins de semana no atrativo histórico e natural, lamentam o tempo que levará para o patrimônio ser recuperado.

Uma placa gravada em chumbo na ponte alimenta as esperanças: Uma placa, gravada em letras de chumbo, ilustra bem a trajetória histórica da única ponte pênsil do Paraná: “Em 1924 e 1932 revoluções armadas destruíram esta ponte. Em 1983 uma grande enchente a destruiu. Toda vez que um mal destruir um bem ele será reconstruído, para que não morra no coração dos homens a esperança. Jovens de Chavantes, 1985”.


Existem menos de dez exemplares de ponte pênsil (sustentada por cabos ancorados) no país, sendo as mais famosas a Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, que liga a ilha ao continente; e a Ponte Pênsil de São Vicente, no litoral paulista.