A Imperatriz Leopoldinense venceu o carnaval do Rio de 99, depois de quatro anos longe do título. Vitória inesperada até pelos componentes e torcedores da escola. Durante quase duas horas de apuração, no Sambódromo, a verde e branco disputou ponto a ponto com a Beija Flor. Por meio ponto a Imperatriz tirou o campeonato da azul e branco de Nilópolis, invertendo o resultado do ano passado. A vencedora fez 269,5 pontos contra 269, da segunda colocada.
A Mangueira, que ganhou em 98 com a Beija-Flor, não apresentou a mesma performance, ficando em sétimo no ranking. A Viradouro, que desenvolveu o enredo sobre Anita Garibaldi, ficou em terceiro, seguida de Mocidade Independente de Padre Miguel, que sentiu na pele o erro cometido na evolução, e a Salgueiro. As cinco primeiras voltam a desfilar no sábado. O Império Serrano e a São Clemente foram as duas escolas que desceram para o Grupo de Acesso A. Em 2000 , no lugar das duas, no Grupo Especial, estarão a Unidos da Tijuca e a Unidos do Porto da Pedra.
‘‘Esse título já era esperado, porque fizemos um desfile correto e sem erros’’, disse o presidente da Imperatriz, Wagner Araújo, depois da divulgação das notas, ainda na Praça da Apoteose. Como em outros anos, a carnavalesca Rosa Magalhães fez um enredo histórico. Em ‘‘Brasil mostra sua cara em Theatrum Rerum Nataralium Brasilae’’, ela retratou pintores trazidos ao País por holandeses no século 17.
Na quadra, as primeiras palavras do presidente da Imperatriz foram de agradecimento ao patrono da escola, o bicheiro e presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Luizinho Drumond. A vitória não era esperada. Não havia praticamente ninguém na quadra quando foi divulgado o resultado e sequer o chope havia sido encomendado.
Mas a falta do chope no início da festa não ameaçou a comemoração. ‘‘Mando comprar o chope e pago com as minhas economias’’, disse a baiana Maria Mascarenhas Fernandes, de 79 anos, 20 dos quais desfilando pela Imperatriz. Não foi preciso: no início da tarde, a diretoria mandou comprar 53 mil litros de chope. A vitória inesperada teve um gosto especial para muitos integrantes da escola.
‘‘A Imperatriz faz carnaval para jurados e não markenting’’, afirmou Amílcar Souza, um dos diretores da verde e branca, referindo-se à Mangueira, que trouxe este ano para Sapucaí Carla Perez e o cantor de pagode Alexandre Pires, do grupo Só Pra Contrariar. Até às 18 horas, pelo menos 3 mil pessoas já ocupavam a quadra. A expectativa era de que 10 mil torcedores e componentes da escola passassem pelo local.
A Mocidade Independente de Padre Miguel, escola que saiu do Sambódromo aclamada aos gritos de ‘‘campeã , ficou em quarto lugar. A Beija-Flor ficou em segundo, perdendo para a Imperatriz por meio ponto. A Viradouro, considerada uma das favoritas, ficou em terceiro lugar, e o Salgueiro, em quinto.
A vitória de ontem foi a repetição do campeonato de 1994, quando a Imperatriz passou sem emocionar, mas acabou vencendo na base da perfeição técnica. Em 1995, levou o bicampeonato. A escola só levou um 9,5 no quesito alegorias e adereços e recebeu 26 notas 10. A Beija-Flor, com a homenagem à cidade mineira de Araxá, foi a segunda colocada. Recebeu duas notas 9,5 em harmonia e evolução, fechando os demais quesitos com 10.
A Mocidade Independente, favoritíssima depois da explosão tropicalista para contar a obra de Villa-Lobos, teve três notas destoantes da sucessão de notas 10: um 9,5 para mestre-sala e porta-bandeira, um 7,5 por alguns erros de evolução, e um 9,5 para a bateria que mais animou o Sambódromo.
A Mangueira, que fez um desfile emocionante, mas com erros de evolução e pouca criatividade nas fantasias, ficou em sétimo lugar. Não desfilará no sábado, junto com as cinco primeiras colocadas.