Impacto positivo até para fumantes
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Incor-HCFMUSP) concluiu estudo de avaliação do impacto da Lei 13.541 de Ambientes Livres de Tabaco, que completou quatro meses, em São Paulo. A pesquisa, realizada em parceria com a Vigilância Sanitária, concluiu que o banimento do cigarro em ambientes fechados traz melhora incontestável para a saúde de frequentadores e funcionários de bares, restaurantes e casas noturnas.
Em 12 semanas, a concentração de monóxido de carbono (CO), um dos principais componentes da fumaça do cigarro, caiu de 5 partes por milhão (ppm) para 1ppm. Em ambientes parcialmente fechados e abertos, a Vigilância Sanitária registrou, na primeira medição, respectivamente 4 ppm e 3 ppm. Na segunda, três meses depois, os registros médios ficaram em 1 ppm.
A melhora da qualidade do ar impacta positivamente na saúde até mesmo dos fumantes. Na medição antes da lei entrar em vigor, em 6 de agosto deste ano, o ar expelido por garçons fumantes apresentou nível médio de 14 ppm de monóxido de carbono. Doze semanas depois, esses mesmos indivíduos submetidos ao mesmo exame apresentaram média de 9 ppm. Para garçons não-fumantes, o impacto é ainda maior - passaram de 7 ppm para 3 ppm.
O trabalho do Incor é o primeiro no mundo a utilizar a variável biológica, o monóxido de carbono, como indicador de redução de risco de exposição ambiental à fumaça do cigarro. ''Os estudos fazem apenas inferência entre o banimento do cigarro em lugares fechados e a diminuição da incidência de mortes e internações por infarto'', explica a coordenadora da pesquisa do Incor, Jaqueline Issa.
Nos países em que a lei vigora há mais tempo, houve redução de 10% a 30% no número dessas mortes e internações. Esse é o resultado que a equipe do Incor espera encontrar em São Paulo, na segunda fase do estudo, que deve terminar em agosto de 2010.
A expectativa é de que o mesmo ocorra no Rio, onde os pesquisadores do Incor iniciaram estudo idêntico, em novembro de 2009, antes de entrar em vigor a lei de ambientes livres do tabaco naquele Estado. (Reportagem Local)