Rio, 10 (AE) - A inflação entre os dias 30 de dezembro de 1998 e 30 de dezembro do ano passado ficou em 19,98%, segundo o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) divulgado hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). A taxa do IGP-M dos últimos dez dias de 1999 foi de 0,73%. A alta foi inferior à dos dez últimos dias de novembro, que ficou em 1,28%, mas a tendência é de que a taxa acumulada do IGP-M de janeiro aumente e fique entre 1,20% e 1,30%, segundo a FGV-RJ.
Usado para o reajuste de aluguéis e contratos do mercado financeiro a partir do primeiro dia útil do mês, o IGP-M mede sempre a inflação dos dez últimos dias do mês anterior e os vinte primeiros do mês corrente.
Na taxa acumulada durante o ano passado, o maior crescimento foi no Índice de Preços por Atacado (IPA), de maior peso no cálculo do IGP, que subiu 28,92%.
A inflação no varejo, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), aumentou 8,89% em 1999. A taxa ficou dentro do fixado como meta de inflação ao consumidor para ser atingida pelo Banco Central (BC) pelo Ministério da Fazenda. Mas a meta é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA de 1999 está previsto para ser divulgado amanhã cedo pelo IBGE. Enquanto o IPC da FGV é calculado apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo, o IPCA é calculado em nove regiões metropolitanas, além de Goiânia e Brasília (DF). De janeiro a novembro, o IPCA acumulado foi de 8,29%.
IGP-M menor - O chefe do Centro de Estudos de Preços da FGV-RJ, Paulo Sidney Melo Cota, lembrou que a inflação deste ano
medida pelo IGP-M, não deve ser tão alta como a de 1999. O custo de vida do ano passado foi pressionado pela alta do dólar e do petróleo, que influenciou o reajuste de tarifas, e a estiagem, que provocou a alta dos alimentos. Esses fenômenos não devem se repetir, argumentou.
Nos últimos dez dias de dezembro a inflação teve maior pressão do IPC, que aumentou 0,76%, do que do IPA, cuja variação foi de 0,72%. "Janeiro é sempre um mês de IPC alto", afirmou Melo Cota. A taxa do IPA foi a mesma do Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), de menor importância no IGP-M. No atacado, tanto a variação dos preços agrícolas (1,61%) quanto dos industriais (0,81%), de 21 a 30 de dezembro, foram menores do que os captados entre 21 e 30 de novembro - respectivamente, de 3,02% e 0,81%.
Influência das chuvas - A alta do IPC, explicou o economista, foi causada pelo aumento dos alimentos (2,08%), "tradicional" nesta época. Além disso, as boas vendas no Natal evitaram a queda dos preços do vestuário, que aumentaram 0,60%, enquanto nos dez últimos dias de novembro tinham sofrido queda de 0,88%. Melo Cota lembrou que o IGP-M ainda não captou os efeitos das chuvas da semana passada - um fator que certamente deve provocar a alta dos alimentos. "Em janeiro, tradicionalmente, ou chove muito ou faz muito calor", recordou. "Nenhum dos dois é bom para a agricultura".