IBGE encerra coleta do Censo e inicia apuração final após atrasos
Divulgação dos primeiros dados da contagem da população brasileira está agendada para o fim de abril
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quarta-feira, 01 de março de 2023
Divulgação dos primeiros dados da contagem da população brasileira está agendada para o fim de abril
Leonardo Vieceli - Folhapress
Rio de Janeiro - Após sete meses de trabalho e com atraso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou nesta quarta-feira (1º) o fim da coleta domiciliar do Censo Demográfico 2022.
Essa etapa foi oficialmente concluída na terça (28). Com isso, o IBGE inicia agora a fase final de apuração do levantamento, que prevê revisões e medidas pontuais em campo.
A divulgação dos primeiros dados da contagem da população brasileira está agendada para o fim de abril. Até terça, a coleta recenseou quase 189,3 milhões de pessoas, disse o IBGE.
O contingente equivale a cerca de 91% da população prevista, considerando a prévia divulgada pelo órgão em 28 de dezembro de 2022. Esse levantamento havia projetado 207,8 milhões de habitantes.
Em pesquisas como o Censo, a parcela restante da população não recenseada costuma passar por um processo de imputação. Esse procedimento técnico busca incluir as estatísticas ausentes.
"O instituto informa que se inicia neste 1º de março a etapa de apuração. Já a divulgação dos primeiros resultados do Censo será feita no final de abril", afirmou o IBGE.
Embora a coleta tenha sido oficialmente encerrada, a etapa de apuração ainda prevê ações específicas em parte dos domicílios. Na fase de apuração, supervisores técnicos do IBGE podem determinar retornos a áreas já visitadas pelo instituto.
Ou seja, determinados bairros em algumas cidades podem passar por ações de conferência dos dados já coletados ou de checagem se os domicílios que estavam vazios estão, de fato, desocupados.
"A etapa de apuração compreende os trabalhos de análise dos dados do Censo, a serem realizados pelo Comitê de Fechamento do Censo (CFC). Ressaltamos que estes trabalhos - que incluem verificações específicas de setores censitários e municípios selecionados pelo CFC - vão implicar alguns retornos a campo", disse o IBGE.
Além de fazer a apuração final das informações, o instituto também realizará neste mês uma operação pontual de coleta junto aos moradores da Terra Indígena Yanomami. O território vem recebendo ações das forças de segurança contra o garimpo ilegal.
Conforme o Ministério do Planejamento e Orçamento, que tem o IBGE sob sua estrutura, a operação censitária com os indígenas será feita a partir da próxima segunda-feira (6).
Dependendo das condições climáticas no território, que passa pelos estados de Roraima e Amazonas, o trabalho será concluído em 20 a 30 dias, disse a pasta.
"Durante a realização do Censo, os recenseadores já coletaram dados de 50% dos moradores do território Yanomami. Agora resta a metade final, que vive em áreas de acesso especialmente complexo", afirmou o ministério.
O instituto disse que também segue em operação a PPE (Pesquisa de Pós-Enumeração). "Uma das etapas do Censo Demográfico, a PPE contempla uma amostra de cerca de 1,5% dos setores censitários. Seu principal objetivo é fornecer recursos para a avaliação da cobertura e da qualidade da coleta", afirmou o IBGE.
"Possíveis falhas na cobertura e na qualidade das informações declaradas pelos moradores são fenômenos comuns em censos demográficos de diversos países, uma vez que os censos são operações complexas, sujeitas a imprecisões que cabem ser conferidas e corrigidas. A PPE ajuda a verificar se ocorrem e onde ocorrem imprecisões", acrescentou.
O Censo é o retrato mais detalhado das condições demográficas e socioeconômicas da população brasileira. A coleta foi iniciada em 1º de agosto de 2022. À época, o IBGE planejava concluir essa etapa em três meses, até outubro.
O levantamento, contudo, sofreu uma série de atrasos. O IBGE enfrentou dificuldades para contratar e manter em atividade os recenseadores. Parte desses trabalhadores, contratados de maneira temporária, reclamou de atrasos em pagamentos e de valores em nível abaixo do esperado. Houve desistências e ameaça de greve na categoria.
A nova edição do Censo estava prevista para 2020, mas foi adiada para o ano seguinte em razão da pandemia. Em 2021, houve novo atraso devido ao corte de orçamento para a pesquisa no governo Jair Bolsonaro (PL). Assim, o início da coleta ficou para 2022.