Londrina - Dados do Censo Demográfico 2010, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam para aumento do número de evangélicos no País. A população evangélica passou, em uma década, de 15,6% para 22,2%, totalizando 42,3 milhões de fiéis. No Paraná, o contingente pulou de 1,7 milhão para 2,3 milhões em dez anos, crescimento de 35,2%. No mesmo período a população brasileira aumentou 12,3%.
''Acho que a gente pode exaltar as práticas cristãs dos evangélicos, talvez um estilo de vida mais alegre, e até pelo contato com a palavra, com o conhecimento bíblico'', avaliou o presidente do Conselho de Pastores de Londrina, pastor Adilton Silva.
Nos últimos dez anos, o percentual de católicos caiu de 73,6% para 64,6% no Brasil. O catolicismo soma 123 milhões de fiéis. No Paraná, em números absolutos, houve avanço de 7,1 milhões para 7,2 milhões, crescimento de 2%, ante 9,1% do aumento populacional no Paraná, comparados os indicadores censitários de 2000 e 2010.
''É um crescimento maduro, as pessoas têm buscado Jesus Cristo a todo momento, descobrindo o caminho de ser Igreja. São dois alimentos que estão proporcionando o crescimento da comunidade e um reavivamento da fé'', comentou o assessor do setor de comunicação da Arquidiocese de Londrina, padre Claudinei Souza da Silva.
Para o coordenador do Laboratório de Estudos sobre Religiões e Religiosidades da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Marco Antonio Neves Soares, os números da pesquisa mostram para a presença de um fenômeno denominado ''trânsito religioso''. ''Isso ocorre quando aumenta muita a oferta de bens simbólicos, como a salvação e a ascensão religiosa. Nessa migração não é só o catolicismo que perde (fiéis), mas também as igrejas chamadas protestantes históricas e pentecostais que perderam espaço para essas denominações neopentecostais'', explicou o historiador.
Embora o Censo mostre o aumento da população evangélica, os três grandes segmentos da religião tiveram comportamentos completamente diferentes. Os evangélicos tradicionais (Adventista, Luterana, Batista e Presbiteriana) passaram de 4,1% da população brasileira para 4% (atualmente 7,6 milhões de pessoas).
Já os evangélicos pentecostais (Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus, Maranata, Nova Vida, Evangelho Quadrangular entre outras) cresceram 44% na década, totalizando pouco mais de 25 milhões de pessoas.
Os evangélicos ''independentes'' eram 1,7 milhão, em 2000, e passaram para 9,2 milhões, em 2010. Em percentuais passaram de 1% da população brasileira para 4,8%, favorecidos pelo investimento maciço em mídia.
''Esse trânsito é típico de sociedades que se modernizam e que passam por profundas transformações. Elas apenas adequam sua noção de Deus às necessidades materiais temporais, por exemplo, nas igrejas neopentecostais a promessa da ascensão é do aqui e agora, ampliam a oferta a Deus para que os fiéis colham recompensas agora. Implicam que a ideia de Deus vai abençoá-lo com dinheiro e mais recursos'', contou Soares.
Tal entendimento é compartilhado pelo presidente do Conselho de Pastores de Londrina, pastor Adilton Silva. ''São pessoas que migram de uma igreja para outra. Há um grupo de cristãos dentro da igreja protestante que chamo de consumidores, gente que vai atrás do milagre e não se interessa pela palavra e profundidade bíblica.''(Com Agências)