Ibama proíbe pesca em Guaraqueçaba
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 08 de março de 2001
Luciana Pombo De Curitiba
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) proibiu ontem, a pesca na Ilha Rasa e na Baía de Guaraqueçaba (Litoral do Estado), onde foram encontradas algas suspeitas de estarem causando a mortandade de centenas de peixes na região. A pesca e a captura de peixes e moluscos vai ser proibida por quinze dias, até que o Ibama conclua as análises das algas e seja descartado o risco à população. Nesse período, o Instituto Ambiental do Paraná irá fazer coletas diárias das algas.
Para proibição da pesca, o Ibama se baseou em laudo técnico das algas, realizado pelo Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As primeiras medidas que serão tomadas serão de monitoramento contínuo das áreas atingidas pela proliferação da alga tóxica e a restrição ao consumo de peixes, mariscos e moluscos. Não podemos correr riscos, disse o coordenador de biodiversidade e florestas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), José Tadeu Motta.
As microalgas, do tipo Heterosigma cf. carterae, começaram a aparecer há duas semanas. Elas apresentam toxinas que atingem as brânquias dos peixes e causam morte por asfixia. As toxinas também danificam a membrana do intestino dos peixes. Mas não há comprovação de que tragam problemas à saúde humana.
Os hospitais do litoral serão verificados diariamente. A intenção é saber se existem casos de intoxicação de pessoas na região. A situação é preocupante. Temos que acionar todos os órgãos competentes, declarou José Otávio Consoni, chefe da Estação Ecológica de Guaraqueçaba.
Os sintomas prováveis de intoxicação pela alga são diarréia, vômito, dor de cabeça, formigamento, ardência na boca, problemas respiratórios, tremores, dores no corpo. É importante estarmos atentos aos sintomas em pessoas que consumam peixes em Guaraqueçaba, já que podem mostrar que a alga é tóxica também para os humanos, disse o professor Luciano Fernandes, especialista em microalgas tóxicas do Laboratório de Ficologia da UFPR.
A Baía de Guaraqueçaba e a Ilha Rasa terão monitoramento mensal em cinco estações para detectar a presença da alga. Dados técnicos revelam que estas algas são nocivas quando encontradas mais de um milhão de células por litro de água do mar. Nos dois locais, as amostras coletadas pela Petrobras demonstravam presença de mais de dois milhões de células por litro de água. (Colaborou Katia Michelle) .
