Que as doses não vieram em número suficiente, isso já é sabido. No entanto, nem mesmo aqueles que estão no primeiro público-alvo, os que atuam em contato direto com pacientes com Covid-19, serão contemplados integralmente na primeira leva de vacinação. O HU (Hospital Universitário de Londrina) recebeu aproximadamente 1.600 doses e aguarda o segundo lote para conseguir imunizar os profissionais que mais necessitam.

HU recebeu 1.600 doses e aguarda o segundo lote para conseguir imunizar os profissionais que mais necessitam
HU recebeu 1.600 doses e aguarda o segundo lote para conseguir imunizar os profissionais que mais necessitam | Foto: Laís Taine

“Infelizmente, não é suficiente. Nós precisaríamos de pelo menos umas 2.100 doses para realmente garantir que 80% pelo menos das áreas mais essenciais fossem vacinados”, lamenta Vivian Feijó, superintendente do HU.

Ela explica que o processo é mais amplo e que abrange uma estrutura maior do hospital e não só àquela restrita aos setores exclusivos. “Quando eu não tenho leito na área Covid-19, eu vou ter que deitar esse paciente em algum lugar. Então, eu uso leito de enfermaria, que neste momento, não está contemplado”, exemplifica.

Conforme as doses forem disponibilizadas ou se houver negação de algumas pessoas, a ponto de sobrarem algumas doses desse primeiro lote, outros profissionais serão contemplados.

Feijó explica que foi necessário incluir os colaboradores que atuam diretamente, mas que é preciso considerar que o paciente com Covid-19 utiliza as áreas de apoio do hospital. “São áreas imbricadas que serão contempladas e o objetivo do HU é garantir o acesso à vacina a todos que desejarem, e assim decidirem, para 100% dos nossos colaboradores. A partir do momento que o HU atingir 100%, nós vamos para o ambulatório de especialidades, Centro de Ciências de Saúde e a Universidade como um todo”, afirma.

As 1.600 doses que chegaram para o hospital serão distribuídas de acordo com as escalas de revezamento. “Profissionais que estiverem de férias, com atestado ou licença, ficarão para um segundo momento”, afirma a superintendente.

O HU tem quase 4 mil colaboradores, desde área estratégica até a equipe de assistência. O hospital atende 97 municípios em um total de 454 leitos. Feijó fala em acalento e ferramenta de esperança em um momento em que os números da doença em Londrina e região não estão reduzindo.

Na última terça-feira (19), o hospital precisou incluir seis leitos extras por excesso de pacientes positivos no pronto-socorro. “Se a gente conseguir diminuir o quantitativo de doentes contaminados, nós vamos ter um controle maior da distribuição dos leitos e vamos conseguir prestar uma assistência mais segura, sistematizada e organizada da população.”


Vacinação no HU vai levar três dias

O Hospital Universitário de Londrina pretende imunizar todos os 1.600 profissionais desse primeiro lote da vacina em três dias. Com um esquema de 15 pessoas para vacinar os colaboradores em horários de atendimento, das 10h às 22h, a equipe quer finalizar o processo até sexta-feira (22).

Margarete de Araújo Andrade, enfermeira da divisão de assistência à saúde da comunidade, ficou responsável por organizar o sistema de vacinação na unidade. “A ideia é facilitar ao funcionário para que ele não precise se deslocar para outras unidades, então fica mais fácil fazer por aqui. Um grupo de cada vez (por volta de 15 pessoas) ligando para que eles desçam até a sala de vacinação”, afirma.

A enfermeira Rita de Cássia Domansky, 56, recebeu a primeira dose pelo ex-aluno e colega de trabalho Douglas Mouro, 35. “É uma sensação de alívio, uma vontade de que tudo volte ao normal logo, vontade de abraçar as pessoas”, comenta após receber a dose.

Para ela, é necessário levar mais informações verdadeiras sobre a vacina. “Eu quero encorajar as pessoas que venham tomar, porque tem muito mais boato do que verdade circulando. Quanto mais elas buscarem a vacina, mais rápido a gente vai poder sair dessa pandemia”, afirma.

O enfermeiro que fez a aplicação da vacina na colega atua no Samu pela prefeitura municipal e é servidor do estado, na penitenciária. “Ela foi minha professora, nós trabalhamos juntos também”, menciona. “Esse é um momento histórico, é muito importante. Futuramente, vamos poder dizer que ‘estivemos lá’”, fala.

Com bastante trabalho durante os três dias, Mouro tem orgulho de poder trazer uma notícia boa depois de um ano tão difícil. “Hoje o trabalho é diferente, hoje é um dia feliz”, afirma.