O HU (Hospital Universitário) de Londrina começou a desativação de leitos exclusivos para o atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus. Neste domingo (1º), 45 leitos foram desativados, sendo dez de UTI adulto, nove de UTI pediátrica e 26 de enfermaria.

Imagem ilustrativa da imagem HU de Londrina desativa 45 leitos Covid-19
| Foto: Sergio Ranalli - Grupo Folha 19-05-2020

A medida foi adotada após análise do número de novos casos na macrorregião e da taxa de ocupação por tipo de leito. A chamada Macrorregião Norte, que inclui Londrina, registrou, aproximadamente, 550 novos casos da doença nas últimas duas semanas. Número bem abaixo das 2.895 confirmações registradas na primeira semana de setembro, pico da pandemia nessa localidade.

Desde o início da pandemia, foram abertos 66 leitos de UTI Covid-19, 14 de UTI pediátrica e 80 de enfermaria no HU em Londrina. Os demais serão desativados gradativamente de acordo com o monitoramento dos dados relacionados à pandemia.

A superintendente do HU, Vivian Feijó, explicou que, com a redução, o hospital passa de 454 para 409 leitos no total e mantém uma quantidade significativa para o atendimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Conforme tabelas e gráficos divulgados pela superintendente, o HU permanece com 56 leitos de UTI adulto exclusivos para casos de Covid-19, cinco leitos de UTI pediátrica e 54 de enfermaria.

No mês de outubro, o hospital registrou média de 40 internações na UTI Covid-19. Em agosto, esse índice chegou a 60 pacientes e atingiu a marca de 70 no mês de setembro. Na manhã deste domingo, a taxa de ocupação estava em 56%, antes da desativação dos leitos.

“Nós não podemos negar a diminuição do número de casos, inclusive em relação à questão da taxa de positividade no município. Porém, temos que ser cautelosos em relação à questão dos leitos porque existe toda uma tecnologia e uma logística agregada a necessidade de uma nova possibilidade de ativação”, afirmou.

ALERTA E CAUTELA

Para a superintendente, o momento é de alerta e de cautela na avaliação do comportamento da doença. “Existe uma heterogeneidade de comportamentos em diversas regiões, inclusive no Paraná, regiões que recuaram bastante na taxa de contaminação pela Covid-19 e algumas cidades que ainda têm uma incidência maior da doença. Estamos vendo também, na Europa e nos Estados Unidos, novas ondas de infecção”, lembrou após reforçar a importância da manutenção das medidas de prevenção à doença como a utilização de máscaras, a higienização das mãos e o isolamento social, quando possível.

De acordo com a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), a desativação de leitos estava prevista no plano de enfrentamento da pandemia no Paraná e foi deliberada pela Comissão de Intergestores Bipartite do Estado. Entre 1º de setembro e 3 de novembro, serão desativados 681 leitos em todo o Paraná, sendo 187 de UTI adulto, 21 de UTI pediátrica, 438 de enfermaria adulto e 35 de enfermaria pediátrica.

A medida já foi adotada nas cidades de Curitiba, Guarapuava, Campo Mourão, Goioerê, Umuarama, Cianorte, Paranavaí, Colorado, Maringá, Sarandi e Pato Branco. Só nos primeiros dias de novembro, a redução deve atingir unidades de Ivaiporã, Arapongas, Apucarana, Jacarezinho e São José dos Pinhais com um total de 294 leitos desativados até o dia 3.

ECONOMIA DE GASTOS

A intenção do governo é economizar recursos de diárias não utilizadas e remanejar os valores. De acordo com o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak, o processo de desativação de leitos será feito sempre que houver a redução no número de novos casos no intervalo de 14 dias e quando a ocupação de leitos da macrorregião permanecer abaixo de 50%.

“Quando nós começamos o processo de ampliação de leitos, sabíamos que esses leitos não poderiam ser mantidos em condição regular indefinidamente porque essa manutenção tem um custo elevado e um ônus para os hospitais que fazem essa ampliação. [...] Quando nós, portanto, em uma determinada macrorregião, observarmos que, em semanas subsequentes, a gente teve uma redução de, aproximadamente, 10% do número de casos novos em cada semana, isso significa que menos pacientes se infectaram e menos pacientes precisaram de internação. Isso nos dá uma margem de segurança para que a gente possa desativar leitos que estão desocupados e reverter esses leitos para o atendimento regular, quando isso é possível, e o recurso que está garantido para o funcionamento desses leitos possa também ser redirecionado para as outras demandas do SUS”, explicou.

A reativação das unidades, segundo Filipak, será possível quando a ocupação, tanto nas UTIs quanto nas enfermarias, ultrapassar 75% do total.

"Essa reativação é possível. [...] Hoje nós já temos os equipamentos todos garantidos. O recurso de custeio existe e também está garantido. As áreas físicas adaptadas também estão ativas e existentes, então essa reativação seria menos complexa do que ela foi quando nós tínhamos que criar UTIs novas, leitos novos e isso foi feito rapidamente. Nossa convicção é que, se houver necessidade de reativação, ela também será feita de modo rápido e eficaz”, garantiu. Mais de R$ 75 milhões foram investidos pelo governo do Estado na implantação e manutenção dos leitos exclusivos.