Tamarana, município da Região Metropolitana de Londrina, foi palco de um duplo homicídio na manhã desta quarta-feira (26). O lavrador Jorge Sidney Prestes, 47, é suspeito de ter matado a própria madrasta Maria da Luz Prestes (65) e a cunhada Beatriz Prestes (21) a machadadas em um suposto surto psicótico. O filho de Beatriz, de 2 anos, também foi atingido e encaminhado ao hospital com ferimentos graves.

Rosilda Prestes, irmã, alegou que Jorge Sidney não consumia drogas ilícitas. “Ele bebia, mas quando essas crises começaram, ele passou a ter medo de sair de casa. Ele dizia que tinha gente querendo matá-lo”, descreveu. “Quando ele tinha essas crises, ficava andando pela casa e encostava o sofá na porta para impedir que estranhos entrassem e falava que havia pessoas querendo matá-lo. Até então ele não estava sendo agressivo. Com a gente ele conversava, meio quieto, só respondia o que a gente perguntava. Fazia isso chorando e orando e dizia que estava conversando com o meu pai, que já é falecido há dois anos”, destacou.

Após cometer os crimes, o suspeito fugiu do local, e foi localizado pela polícia em uma casa vizinha, onde foi preso e encaminhado pela Polícia Civil para Londrina. Ele será submetido a um exame psiquiátrico, que vai avaliar se ele realmente tem esquizofrenia. Caso o diagnóstico seja confirmado, ele será encaminhado para uma unidade especial do Deppen (Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná).

O delegado de plantão, Ernandes Cezar Alves, ouviu Prestes na tarde desta quarta-feira (26). Durante a oitiva, o réu confessou o crime e alegou que estava transtornado devido à medicação que tem tomado. A motivação seria a discussão entre ele e a madrasta, mas não entrou em detalhes", relata Alves que ressalta que ele foi detido logo após os homicídios e tentativa de homicídio qualificado contra a criança.

A pena pelo crime de homicídio é de12 a 30 anos de reclusão e se são dois homicídios a pena dobra, soma-se a tentativa de homicídio contra a criança. Caso condenado a pena pode variar entre 36 a 90 anos de reclusão. "Provavelmente ele será submetido a exame psiquiátrico. No momento do interrogatório ele estava em estado de normalidade. Se for diagnosticado, o juiz vai analisar se é incidente de insanidade, se aplica a pena ou se ele receberá medida de segurança, mas isso é uma questão processual em que o Ministério Público irá se manifestar."

Prestes ainda hão havia constituído advogado até o início da noite desta quarta.

RELATO DA FAMILIA

A família de Jorge alega que ele teria sido diagnosticado com esquizofrenia há pouco tempo, mas, não tinha sintoma algum até três semanas atrás. A queixa da irmã Rosilda seria que o atendimento público não foi satisfatório, ela tinha conseguido uma vaga no psiquiatra para Jorge nesta quinta-feira (27), "mas não deu tempo”, declarou.

“Desde que ele começou a ter sintomas, a gente procurou por consulta no hospital de Tamarana. Ele ficou internado de um dia para o outro. Minha irmã e minha mãe pernoitaram com ele no hospital, mas no outro dia liberaram ele sem medicá-lo com calmante. Desde então, minha mãe sempre estava correndo atrás do posto de saúde e chegou a levá-lo lá. Na quinta-feira (20), fomos ao posto de saúde novamente e pedimos o encaminhamento para um psiquiatra. Um médico deu um papel falando que ele pode estar com esquizofrenia. Ele falou que não podia fazer nada, porque ele ainda não tinha machucado ninguém”, declarou Rosilda.

A Secretaria de Saúde de Tamarana afirmou que o acusado de homicídio não tinha diagnóstico confirmado de esquizofrenia. Aclarou que o paciente tinha consulta agendada para quinta-feira (27) com médico psiquiatra e que no dia 26 ele havia recebido visita da equipe da Saúde da Família, que orientou os familiares a entrar em contato com o Samu caso os sintomas se agravassem e que fizessem a internação no Hospital São Francisco. A pasta e a Prefeitura se solidarizaram com os familiares e pessoas próximas por meio da nota, pela qual expressou sentimentos de pesar, respeito e consideração.

LERROVILLE

Outro homicídio duplo registrado nesta quarta-feira (26) ocorreu a poucos quilômetros de Tamarana, no distrito de Lerroville, zona rural de Londrina. Eles foram assassinados durante a madrugada e uma adolescente foi atingida por tiros na rua Prado Mueller. Os dois mortos teriam mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas e eram procurados pela polícia. A adolescente que sobreviveu era namorada de um dos mortos, e contou à polícia que três homens encapuzados entraram na residência e começaram a atirar. Ela foi encaminhada ao hospital municipal de Tamarana.

Os dois homens assassinados teriam pontos de venda de entorpecentes nos jardins Monte Cristo e Santa Fé, na zona leste de Londrina, no entanto não residiam por lá, porque outros traficantes já tinham ameaçado a dupla de morte. O delegado João Batista dos Reis, da Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Londrina, investiga os homicídios de Lerroville.

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