A menos de dez dias para o fim do prazo estipulado no decreto municipal que suspendeu as aulas presenciais em Londrina, em 28 de fevereiro, a pauta sobre o retorno das atividades vem se tornando menos burocrática para ganhar as ruas da cidade. Visando pressionar o prefeito Marcelo Belinati (PP) a autorizar e retorno no modelo híbrido, um grupo realizou um “adesivaço” de veículos na rotatória das avenidas Higienópolis e Juscelino Kubistchek, na tarde desta sexta-feira (19). No dia anterior, dez outdoors sobre o mesmo tema foram instalados em ruas e avenidas movimentadas.

Imagem ilustrativa da imagem Grupo faz 'adesivaço' por volta de aulas presenciais
| Foto: Gustavo Carneiro

A motorista Kelly Moreira, 45, endossou o movimento permitindo com que um adesivo fosse colado em seu meio de transporte e trabalho. “Porque eu acho que as crianças precisam. Minha menina já tem 14 anos e já tem consciência do que pode e do que não pode e eles estão aí, indo para shoppings e passeando”, disse, mesmo levando em consideração o aumento da circulação de alunos e profissionais da educação no transporte público que o retorno causará e a ocupação de 100% dos leitos de enfermaria exclusivos para a Covid-19 no município.

O estudante de Direito da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Fernando Milanez, 18, lamentou que o planejamento sobre o retorno das atividades presenciais não tenha priorizado a educação e disse ser favorável ao retorno. “Agora deveria ser feito de uma forma a ser prioritário para a educação”, afirmou.

Uma das organizadoras, a advogada Janaína Schiavon avaliou que a suspensão das aulas não tem surtido o efeito desejado no sentido de evitar aglomerações entre as crianças e os jovens. Mesmo questionada sobre os principais argumentos apresentados pelo município, como a dificuldade que as crianças têm em manter o distanciamento, afirmou que o Poder Público já teve o tempo suficiente para se preparar para esse momento. “Acreditamos que vamos conseguir chamar a atenção das pessoas que têm o poder de decisão para dar um pouquinho de atenção ao setor escolar”, avaliou. À reportagem, Schiavon voltou a garantir que o movimento é apartidário e que uma nova manifestação será realizada no mesmo local, às 9h deste sábado.

A FOLHA procurou a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, porém ela preferiu não comentar sobre os protestos. De acordo com ela, a rede municipal de ensino de Londrina atende mais de 45 mil alunos em 200 unidades, entre escolas e instituições filantrópicas. Já segundo o prefeito Marcelo Belinati, Londrina conta com cerca de 200 mil estudantes em todas as etapas escolares até o ensino superior, em aulas de forma remota. Desde o início da pandemia, a cidade já soma mais 35 mil casos 659 óbitos em decorrência da infecção causada pela Covid-19.

PROFESSORES TEMPORÁRIOS

Mesmo com as aulas suspensas, a Prefeitura de Londrina está convocando 198 professores temporários para o ano de 2021. Destes, 111 serão para o ensino fundamental, 76 da educação infantil e 11 de educação física. A data estipulada para o início dos trabalhos é o dia 1º de abril e os contratos têm validade para um ano.

De acordo com a secretária de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, o objetivo é suprir a demanda que surge com “aposentadorias, licenças médicas prolongadas, licenças maternidade e afastamentos pode tempo determinado”, explicou.

Para evitar aglomerações durante a apresentação destes profissionais, que será na Escola Municipal Maria Carmelita Villela Magalhães, um agendamento foi realizado e publicado em edital.