A Região Metropolitana de Londrina registrou o primeiro óbito de uma gestante causado por complicações em decorrência da Covid-19. Ao mesmo tempo, trata-se da primeira morte de um indígena por culpa da síndrome provocada pelo vírus Sars-CoV-2 na região e o quarto se considerado todo o estado do Paraná. No entanto, por ter sido registrado em uma moradora da Terra Indígena Apucaraninha, o óbito foi contabilizado no município de Tamarana, o terceiro se consideradas todas as etnias no município desde o início da pandemia. Já em todo o estado, a Covid-19 vitimou sete mulheres, entre gestantes e puérperas, desde o início da pandemia, segundo a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde).

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. | Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Tamarana também ultrapassou a marca de 100 casos confirmados nesta semana e 78 pessoas consideradas suspeitas aguardam os resultados dos exames. De acordo com a Prefeitura, a índia caingangue, de 31 anos,estava na 27ª semana de gravidez e, por isso, permanecia em isolamento domiciliar. Entretanto, ao se sentir mal, procurou o atendimento no município no dia 23 de agosto, dia em já foi encaminhada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) com sintomas de óbito fetal.

Já segundo apurou a reportagem com a assessoria de imprensa do HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), a equipe médica da instituição realizou uma cesárea e a mulher foi encaminhada para um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), porém não resistiu. O óbito foi confirmado nesta quinta-feira.

Os primeiros óbitos na população indígena paranaense foram registrados em São Miguel do Oeste, Curitiba e Ortigueira, respectivamente. Já conforme os dados do boletim divulgado pela Sesa nesta sexta-feira, 121 pessoas de diferentes etnias indígenas já foram diagnosticadas com a doença desde o início da pandemia no estado. Outros 444 casos suspeitos ainda aguardam os resultados dos exames.

A responsabilidade sobre os cuidados da população indígena, considerada de maior risco para qualquer doença respiratória, entre outras comorbidades, é do Ministério da Saúde através da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).

Gestação

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Londrina não registrou óbitos em gestantes por conta da Covid-19. Desde o início da pandemia, a doença já foi diagnosticada em quatro mulheres grávidas, sendo duas no mês de julho e duas em agosto. Das quatro gestantes, duas estavam no primeiro trimestre da gestação, uma estava no segundo e uma no terceiro trimestre.

Questionada, a infectologista pediátrica e integrante da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HU, Jaqueline Capobiango, explicou que não faz parte do protocolo do município realizar a testagem para a Covid-19 em todas as gestantes.

“É uma grande discussão, tem serviços que optam por fazer. A questão é que se fizer o exame, pode ter o falso negativo. Fazer o exame de um paciente totalmente assintomático vai ter um resultado menor. Precisa ser analisada conforme a realidade de cada maternidade e considerar tudo”, explicou.

Conforme explicou a infectologista, a Covid-19 pode provocar abortos nos primeiros meses e pode estar associada a complicações mais graves. “Pode provocar complicações mais graves, hemorragias, infecções. Como tem uma ativação pró-inflamatória, elas podem ter a síndrome da pré-eclâmpsia, alterações da coagulação, uma hemólise, alterações de plaquetas, enfim. No primeiro trimestre pode estar associada ao aborto, no terceiro pode estar associada a mais complicações, levando a síndrome semelhante a pré-eclâmpsia”, explicou.