Imagem ilustrativa da imagem Grafiteiros colorem muros de empresa de ônibus
| Foto: Simoni Saris - Grupo Folha

Cerca de 80 artistas visuais de diversas partes do país e também da Argentina e do Chile desembarcaram na cidade na semana passada para participar do 7º Festival de Grafitti de Londrina, que começou na quinta-feira (3) e foi até este domingo (6). Com uma programação extensa, o evento promoveu oficinas, rodas de conversa e batalha de Throw Up, mas o maior destaque foi o muro da garagem da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), na rua Tietê, na vila Recreio, que ganhou um novo colorido com a intervenção dos grafiteiros.

Thiago Vilela Ecoart tem nos astronautas a sua marca registrada e há, quatro anos, desde que passou a praticar a arte urbana, já pintou vários deles em muros e painéis da cidade. A inspiração vem de uma passagem bíblica, Romanos, 12,2, que diz "enão vosconformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento". "Na minha concepção, o ser mais insatisfeito com a realidade é o astronauta. Ele não vai conseguir conhecer o mundo inteiro e ainda sai fora do mundo. E quando sai do planeta, os problemas se tornam menores a ponto de não poder enxergá-los lá de fora", explicou.

No trabalho iniciado no sábado e finalizado no domingo, Ecoart desenhou um enorme astronauta em preto e branco, mas no lugar do homem, quem veste a roupa espacial é um macaco. "A arte em si em o poder de trazer minutos ou segundos de alívio para as pessoas. É um refrigério mental. E aqui, na rua, é para todo mundo. Rico, pobre, não tem uma classe. Quem passar aqui vai ser beneficiado. Não tem como desmembrar o grafite do cunho social", disse o artista londrinense.

Imagem ilustrativa da imagem Grafiteiros colorem muros de empresa de ônibus
| Foto: Simoni Saris - Grupo Folha

Além da beleza e do primor técnico, a arte de Rildo Moreira, ou Rildo Foge, como ficou conhecido, impressiona também pelo realismo. O artista baiano, nascido em Ilhéus, desenha desde criança e teve o incentivo da família para seguir nas artes plásticas. Em 25 anos, já circulou por praticamente todo o Brasil e alguns outros países para expor a sua arte. "Para mim, é uma satisfação estar em outra cidade ou país e representar o Brasil. É muito gratificante."

A paulista Andreza Pasqualini, a ADZ Mestre, define o grafite como "um carinho que a gente faz no muro". O desenho foi o meio que ela encontrou de expressar seus sentimentos, mas durante alguns anos esteve afastada das tintas. Voltou depois de perder o marido para o câncer, em 2020, e seu estilo são as letras em 3D. Para dar o efeito de que o desenho se projeta para fora do muro, contou ela, é preciso entender muito de luz e sombra, e é resultado de muito estudo. "O grafite foi ajudando a minha cabeça, é uma terapia e ainda tem a interação com a galera. É muito prazeroso, a gente leva vida e uma energia nova para o lugar."

O festival termina às15 horas deste domingo e o encerramento será feito com uma batalha de Throw Up, técnica de grafite que consiste em uma forma arredondada, geralmente feita só como um contorno do desenho e na qual é utilizada uma única cor. A batalha será na rua Tietê, próximo à esquina com a avenida Duque de Caxias.

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link