BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governo zerou as tarifas de importação de medicamentos como a cloroquina e a hidroxicloroquina, originalmente usados por pacientes com malária, lúpus e artrite. O uso dessas drogas no combate ao novo coronavírus, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, é foco de controvérsia entre especialistas.

Em medida publicada nesta quinta-feira (26), o Ministério da Economia zerou o imposto de importação de 61 produtos. A lista inclui kits para testes de coronavírus, aparelhos hospitalares, cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e imunoglobulina.

Em publicação em redes sociais, Bolsonaro afirmou que a medida foi adotada com o objetivo de facilitar o combate ao coronavírus. Segundo ele, os medicamentos serão de uso exclusivo de hospitais e pacientes em estado crítico.

A hidroxicloroquina entrou no debate da pandemia de coronavírus desde que o presidente americano Donald Trump levantou a possibilidade de o remédio ser eficaz para a Covid-19, no dia 19 de março. A fala provocou corrida às farmácias, deixou pacientes sem o medicamento e levou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a proibir a exportação e a venda sem receita no Brasil.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem lidado com o assunto com cautela. "Continuamos com indícios [de eficácia contra o novo coronavírus]. Foram poucos pacientes, não sabemos se o medicamento foi decisivo ou não", disse.

Ele também pediu para as pessoas não usarem o medicamento. "Esse medicamento tem efeitos colaterais intensos e não devem ficar na casa para serem tomados sem orientação médica. Vão fazer uma série de lesões [se automedicando]. Leiam a bula, não é uma dipirona."

Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde anunciou que vai começar a distribuir 3,4 milhões de unidades de cloroquina e hidroxicloroquina aos estados para uso em pacientes com quadro grave pelo novo coronavírus em um protocolo experimental.