Brasília, 12 (AE) - O governo teme que possa ocorrer um ataque de hackers (piratas cibernéticos) na noite da virada do dia 28 para 29 de fevereiro, o próximo momento crítico do bug da virada do ano 2000, chamado também de "minibug" ou "bug de fevereiro". O governo vai remontar nos próximos dias o Centro de Coordenação Geral (CCG), no Ministério da Defesa, para acompanhar o desempenho e prevenir problemas com computadores em setores estratégicos, como bancos, telecomunicações, energia, aeronáutica e saúde.
"Faz parte do nosso planejamento remontar todo o esquema nesses dias", disse o secretário-adjunto da Comissão do Programa do Ano 2000, Marcos Osório de Almeida. A principal atenção dos técnicos será em relação aos ataques de piratas cibernéticos, responsáveis pelas invasões de diversos sites internacionais e locais. O governo sabe que, como não ocorreram problemas graves na virada do ano, houve uma redução nos planos de contingência de vários países e até de empresas privadas, o que poderia facilitar ataques aos computadores. "É possível que eles forcem um ataque no dia 29", disse.
Segundo ele, estarão de prontidão os técnicos do Ministério da Defesa e da Polícia Federal para identificar os piratas e sanar problemas. Durante os dias que precederam a virada do ano 2000 e nos primeiros dias do ano, os sistemas de informática do governo e de empresas de infra-estrutura foram alvo de ataques de hackers. "O nosso plano de contingência identificou tentativas de violação dos sistemas de segurança", disse Osório, que não divulga as datas nem os sistemas onde houve a tentativa, por uma questão de estratégia. "Posso garantir que os sistemas foram eficientes no sentido de evitar as invasões".
O bug de fevereiro já estava previsto desde o início dos trabalhos da comissão, no ano passado. Ainda há o temor de que os computadores entrem em colapso, deixando de ler a data 29 de fevereiro e passado no diretamente para o dia 1.º de março. O cronograma da comissão prevê que no dia 22 será feita uma reunião no Ministério da Defesa, onde o esquema de contingência deverá ser concluído.
No dia 24 haverá um teste de carga do CCG, para verificação e troca de informações e de dados. Por fim, no dia 28 a sala de contingência, com técnicos dos setores mais sensíveis, será aberta para acompanhamento dos últimos minutos do dia e a virada do dia 29. Na manhã seguinte os técnicos vão acompanhar o comportamento do sistema financeiro e de saúde. Se tudo correr bem o CCG será desativado.
Desde o dia 3 de janeiro, o governo manteve uma "sala virtual" ligada diretamente aos membros da comissão. Até o dia 28 de fevereiro, todos os técnicos que permanecerem de plantão no CCG estarão em seus locais de trabalho coletando informações e repassando-as à comissão pela Internet e por telefone.
No dia 8 de fevereiro, por exemplo, o grupo-tarefa do setor de telecomunicações reuniu-se na sede da Embratel, no Rio de Janeiro, para avaliar os possíveis problemas no setor. A conclusão é que os assinantes não devem se preocupar com problemas nas chamadas. Todos os equipamentos do setor que foram testados para a virada de 31 de dezembro e 1.º de janeiro também foram testados para a noite de 28 e 29 de fevereiro. Ainda assim
haverá um reforço dos plantões dos centros de gerências das operadoras. Os técnicos e fornecedores das empresas de telefonia ficarão de sobreaviso.
A preocupação com o dia 29 de fevereiro, disse Almeida, se deve ao fato de que este é um ano bissexto. A convenção do calendário gregoriano, por exemplo, não incluiu 1900 como ano bissexto. Além disso, a virada será no meio da semana, o que aumenta a preocupação no caso de possíveis problemas. A comissão não acredita que devam ocorrer problemas nos sistemas de informática dos serviços essenciais. Por isso, mesmo mantendo um esquema de contingência, o pessoal envolvido no CCG, nos sete centros regionais e 179 centros locais em todo o País deverá ser 30% menor em relação a dezembro. "Como pretendemos manter um centro de acompanhamento e tratamento de problemas, o mini bug será um bom teste", disse Osório.