Brasília, 03 (AE) - O governo irá remontar o Centro de Coordenação Geral (CCG), instalado no Ministério da Defesa, nos dias 28 e 29 de fevereiro, para prevenir problemas com o bug do ano 2000. Ainda há o temor de os computadores entrarem em colapso nestes dias. No início da noite de hoje o CCG foi desativado, com dois dias antecedência, pela falta de ocorrências nos setores financeiro, saúde e infra-estrutura. O balanço final, divulgado pela Comissão do Programa do Ano 2000 não registrou problemas graves na virada do ano, nem nos três primeiros dias de janeiro.
"Pela pouca incidência de ocorrências, pudemos permitir o desligamento do centro", explicou o secretário-adjunto da comissão, Marcos Osório de Almeida. A partir de amanhã (04), o governo manterá uma "sala virtual" ligada diretamente aos membros da comissão. Até o dia 28 de fevereiro, todos os técnicos que permaneceram de plantão no CCG estarão em seus locais de trabalho coletando informações e repassando-as à comissão pela Internet e por telefone.
A preocupação com o dia 29 de fevereiro, disse Almeida, deve-se ao fato de este ano ser o primeiro fim de século que também será ano bissexto. Isto não ocorria desde 1600. A convenção do calendário gregoriano, por exemplo, não incluiu 1900 como ano bissexto. "Alguns computadores poderão simplesmente pular o dia 29 de fevereiro, pulando automaticamente para 1º de março, o que poderá prejudicar vários sistemas", explicou o representante do Banco Central (BC), Antônio Gustavo Vale.
Segundo Almeida, ao todo o governo conseguiu economizar entre R$ 100 bilhões e R$ 140 bilhões com o programa do bug do ano 2000. De acordo com estimativas dos técnicos, de cada R$ 1 00 investido, o governo economizaria até R$ 4,00 em correções futuras e R$ 10,00 com possíveis indenizações pelos prejuízos ocorridos. Conforme Almeida, o governo federal e as empresas estatais gastaram cerca de R$ 1 bilhão com os preparativos para o bug. Ao todo, somando as empresas privadas, foram gastos R$ 10 bilhões com os preparativos para a virada do ano. "Posso assegurar que cerca de 50% deste total foram investimentos de empresas para antecipar atualizações tecnológicas que ocorreriam nos próximos anos", disse Almeida. Telecomunicações - No primeiro dia útil do ano, o sistema de telecomunicações apresentou um volume acima do esperado de chamadas, mas não foi atingido por problemas com o sistema de computação. No horário de pico, entre 10 e 11 horas da manhã, foram registradas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 3,5 milhões de ligações de longa distância, ou seja, 500 mil a mais que o verificado em uma seguda-feira normal. Segundo técnicos da agência, o motivo pode ter sido a volta do feriado prolongado.
Aviação - Hoje, o comando da Aeronáutica informou que as 325 empresas de aviação e os 53 estabelecimentos de manutenção que tiveram suas atividades suspensas no dia 31 só poderão retomar suas operações quando comprovarem que fizeram as adequações nos equipamentos. Segundo nota divulgada, esta é uma "garantia da segurança do tráfego aéreo nacional". O Departamento de Aviação Civil (DAC) lembrou que as exigências foram feitas em março do ano passado e deveriam ter sido cumpridas até outubro.