Conhecido por ser palco de acidentes, inclusive com mortes, o trecho da BR-369 na saída de Cambé (Região Metropolitana de Londrina) finalmente deve ganhar dois viadutos para "conectar" a avenida Brasil e a estrada da Bratislava. Com o edital da licitação para a elaboração do projeto publicado pelo governo do Paraná na semana passada e o prazo para o envio de propostas estipulado para 23 de julho, a antiga demanda de moradores e trabalhadores da região avança para sair do papel depois de uma série de intercorrências no projeto original.

Entre 2010 e 2018, mais de 360 acidentes foram registrados na região, informou o DER
Entre 2010 e 2018, mais de 360 acidentes foram registrados na região, informou o DER | Foto: Gustavo Carneiro

Entre 2010 e 2018, mais de 360 acidentes foram registrados na região, informou o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Um desses vitimou a mãe de um amigo do escriturário Vinicius Stutz, 24, há cerca de um ano e meio, quando o condutor de uma caminhonete não parou no sinal vermelho. "Ela seguia sentido centro e o carro que pegou ela sentido Rolândia não viu que fechou", lamentou. Ainda de acordo com o morador de Cambé, o trânsito no local torna-se "confuso" especialmente durante a noite.

Do outro lado da rodovia, o morador há 15 anos de uma chácara que fica na estrada do Caramuru e ex-atleta profissional Edmílson Alves, 44, lembra de quando não havia nem mesmo semáforo no local - situação era considerada um "pesadelo" para as cerca de 2 mil pessoas que escolheram o sossego das propriedades rurais da região. "Antigamente era muito perigoso", apontou.

De acordo com o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, o processo licitatório para construção dos viadutos será "ágil" porque o edital adota a modalidade RDCI (Regime Diferenciado de Contratação Integrada) para a contratação do serviço de engenharia. "Novidade" no Paraná, anunciou o secretário, o modelo permite a contratação de uma única empresa ou consórcio de empresas para elaborar o projeto executivo e dar início imediato à execução da obra.

Do valor máximo de R$ 18 milhões previsto no edital, R$ 350 mil serão destinados ao custeio do projeto, fase que se estende pelos próximos três meses. Ainda segundo o DER, o edital prevê a entrega do viaduto em 15 meses.

Segundo Fernando Furiatti, diretor-geral do DER, o modelo de licitação traz mais agilidade uma vez que só será verificada a documentação da empresa vencedora. Além de prever somente uma fase para a interposição de recursos, o edital possibilita uma certa flexibilidade na metodologia de execução, inclusive com a adoção de novas técnicas e tecnologias.

Segundo um engenheiro ouvido pela reportagem, o modelo de licitação em questão surgiu há cerca de 40 anos nos Estados Unidos e já vem sendo adotado no Brasil há pelo menos uma década. Para ele, é indicado para obras menos "complexas", como algumas de infraestrutura rodoviária. Em comparação com a construção de pontes ou estações de tratamento de água ou de esgoto, a adoção do RDCI poderia incorrer em "inúmeros" aditivos no contrato para adequações no projeto.

Ainda de acordo com o diretor do DER, as obras serão executadas em um trecho de 800 metros da rodovia, a partir do km 162. O objetivo é rebaixar a pista, pavimentar o trecho, drenar bueiros, bocas de lobo, valas e sarjetas, além de construir muros de contenção nas laterais da trincheira. Conforme o edital, dois viadutos serão construídos de forma a dar continuidade à avenida Brasil e à Estrada da Bratislava sem que haja a necessidade de desapropriações. Por ali, cerca de 20 mil veículos e 6 mil caminhões trafegam todos os dias, estima o DER.

O deputado estadual Tercílio Turini (CDN) lembrou que o lançamento do edital é fruto da articulação de lideranças empresariais e comunitárias junto ao governo e contou com o trabalho dos deputados Cobra Repórter (PSD) e Tiago Amaral (PSB).