São Paulo, 12 (AE) - Os incidentes envolvendo os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em São Paulo nos últimos dias podem estar sendo provocados por grupos de vendedores ambulantes impedidos de trabalhar dentro das composições. A suspeita é do governo do Estado. Duas vezes durante a semana vagões que circulavam na Linha Leste-Variante foram incendiados por passageiros inconformados com paralisações. Os prejuízos chegam a R$ 12 milhões e o trecho entre as estações Roosevelt e Itaim Paulista vai ficar fechado pelo menos até março.
Os trens teriam sido parados por alguém que invadiu a cabine de controle, puxou o freio de emergência e soltou as mangueiras de ar comprimido. "Somente na terça-feira houve sete casos simultâneos", disse o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico.
As suspeitas recaem sobre os ambulantes, segundo o secretário, porque nas Linhas Leste e Leste-Variante havia muitos deles antes de a direção da companhia começar a reprimir o comércio dentro dos trens.
Os novos trens espanhóis, que começaram a ser colocados em circulação na linha Leste a partir de setembro, foram tirados de circulação por ser apedrejados. Em dois meses, mais de 250 vidros foram quebrados. "O apedrejamento era seletivo, apenas nos trens espanhóis, onde a fiscalização contra os ambulantes é maior", argumenta.
Tumulto - Ontem (11) à noite, em meio ao tumulto generalizado na estação Roosevelt, no Brás, pela paralisação da linha Leste-Variante, um grupo de ambulantes teria invadido a plataforma e impedido os operadores da CPTM de entrar nos trens. A situação só foi contornada com a chegada da Tropa de Choque da PM, que permaneceu de guarda na estação durante a manhã de hoje. Oito pessoas foram detidas na quinta-feira na estação e levadas ao 8º Distrito Policial, mas liberadas em seguida. Nenhuma delas declarou ser ambulante.
"Com tudo isso, as melhorias que estamos fazendo nos trens não podem ser sentidos na zona leste", lamenta o secretário. Segundo ele, as duas linhas que servem a região receberam mais de 50% do R$ 1 bilhão de investimentos feitos pela CPTM no último governo.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos pediu ajuda à Secretaria de Segurança Pública para evitar novos tumultos e investigar os responsáveis pela suposta sabotagem e pela incitação à depredação. As estações passarão a contar com um reforço da Polícia Militar na segurança.
Segundo Frederico, a companhia estuda a possibilidade de colocar um segurança em cada cabine de controle nos horários de pico. "O problema é que não podemos deixar um segurança em cada cabine o tempo todo, porque temos 2.000 seguranças para 270 km de linha, 100 estações e 100 trens com cinco vagões cada um", justifica.
São gastos R$ 50 milhões anuais com segurança por causa de problemas com vandalismo. "Se o público respeitasse os trens como respeita o metrô, um terço disso seria suficiente e poderíamos usar esse dinheiro para fazer muito mais coisa", avalia.
Fechadas - Duas estações depredadas também deverão ser fechadas definitivamente, por integrar o programa de reorganização da linha. Segundo o secretário, a reabertura da linha Leste-Variante poderá ocorrer quando os trens espanhóis voltarem a circular na linha Leste. "Para isso estamos construindo muros e telas nos locais mais críticos, de modo a evitar o apedrejamento.
Caso os problemas de segurança não sejam solucionados, a inauguração das três novas estações na zona leste - Pêssego, José Bonifácio e Guaianazes -, prevista para maio, poderá ser adiada.