Brasília - O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descarta revogar o novo ensino médio, uma reforma que buscou flexibilizar o currículo para a etapa e que tem sido alvo de críticas. Setores da esquerda e parte dos especialistas têm pressionado o governo petista a rever essas mudanças.

As redes sociais do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e do próprio MEC (Ministério da Educação) têm acumulado cobranças para que o governo revogue a medida. Apesar de descartar essa opção, a atual equipe da pasta vê falhas na implementação e pretende organizar uma revisão.

A reforma foi aprovada em 2017, durante o governo Michel Temer (MDB), com o objetivo de tornar a etapa mais atrativa para os alunos. O ensino médio é considerado um dos gargalos da educação básica, com altos índices de abandono.

Com a medida, os alunos da etapa passaram a ter o currículo dividido em duas partes. Uma é comum a todos, enquanto a outra é formada por optativas, com cada aluno escolhendo uma área. Isso ocorre a partir dos chamados itinerários formativos, entre cinco opções gerais: Matemáticas e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e ensino técnico profissionalizante.

As redes de ensino iniciaram a implementação em 2022 e vários problemas vieram à tona, sempre com relação à parte diversificada: dificuldade de ofertar as opções de itinerários em todas as escolas, o que aumenta a desigualdade; alguns conteúdos com pouca coerência curricular, enquanto disciplinas como filosofia e sociologia perderam espaço; inadequação de infraestrutura, além de falta de professores e inadequação de formação aos conteúdos lecionados.

O MEC sob o governo Jair Bolsonaro (PL) foi ausente do processo de implementação, sem ações de coordenação ou apoio técnico e financeiro. Como cada estado ficou responsável por criar os itinerários, há pelo país uma diversidade de modelos e estratégias.

Agora, a pasta está organizando um processo de escuta para entender o processo, incluindo alunos que já estudam no modelo, e colher experiências para definir o caminho a seguir.

Em 2018, quando Fernando Haddad (PT) foi candidato à presidência, havia em seu programa o objetivo de revogar a reforma. Isso não apareceu na campanha vitoriosa de Lula no ano passado. Uma carta pela revogação da reforma teve apoio de mais de 280 organizações, como sindicatos, grupos de pesquisa, associações científicas e movimentos sociais.