SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Governo de São Paulo anunciará nesta quinta-feira (17) a retomada das obras da linha 17-Ouro do Metrô, monotrilho que vai conectar o aeroporto de Congonhas à rede sobre trilhos da cidade e que representou um dor de cabeça jurídica para o estado ao longo dos últimos anos.

Nesta quinta, o governador João Doria (PSDB) vai assinar uma ordem de serviço de retomada das obras de construção civil com a Coesa Engenharia. A obra é dividida em diferentes contratos, sendo os três principais de fornecimento de trens, de construção especificamente da estação Morumbi e aquele que será assinado agora, de construção civil.

O contrato prevê a execução das obras remanescentes da linha, além de acabamento, paisagismo, comunicação visual e instalações hidráulicas das estações, bem como construção de ciclovia, recapeamento da avenida Roberto Marinho e construção de um centro comunitário e esportivo.

O prazo previsto no contrato é de 30 meses a partir da primeira ordem de serviço (ou seja, dois anos e meio), mas o governo fala que, se não houver novas interrupções e questionamentos na Justiça, é possível que o monotrilho comece a operar em 2022.

A linha 17-Ouro terá oito estações em 7,7 km (sendo 6,7 km de trechos operacionais) e ligará o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da linha 9-Esmeralda da CPTM, que fica na marginal Pinheiros. O Metrô prevê transportar 165 mil passageiros por dia útil em 2023, depois que estiver concluída, segundo relatório da companhia de outubro.

As estações serão: Congonhas, Jardim Aeroporto, Brooklin Paulista, Vereador José Diniz, Campo Belo, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi.

O monotrilho também vai se interligar com a linha 5-Lilás do Metrô, na estação Campo Belo.

No projeto inicial, havia previsão de integração também com a linha 4-Amarela e o monotrilho passaria pela favela de Paraisópolis, mas essa extensão foi suspensa e não há prazo para que seja retomada.

Prometido inicialmente para entrar em operação na Copa do Mundo de 2014, o monotrilho da linha 17-Ouro apresenta uma série de imbróglios jurídicos. Em 2019, o Consórcio Monotrilho Integração, liderado pela Andrade Gutierrez, foi retirado da obra por não cumprir o cronograma e multado em R$ 88 milhões.

Em uma nova licitação, no ano passado, a Coesa Engenharia, que agora vai tocar as obras remanescentes, ficou atrás da Constran Internacional, mas o processo foi anulado pela Justiça.

Em setembro deste ano, a Coesa foi escolhida pelo Metrô, num processo que chegou a ser anulado outra vez, mas que foi liberado pela Justiça em novembro.

Outro contrato, da fabricação de trens para a linha 17, assinado no começo do ano com a BYD depois de impasses com outros fabricantes, também foi retomado em setembro.

O monotrilho é uma espécie de trem com rodas que anda sobre uma estrutura elevada e é operado pelo Metrô, companhia estadual sob a gestão João Doria (PSDB).

Esse tipo de transporte sempre foi uma dor de cabeça para o governo paulista, já que era contestados por especialistas e mesmo por técnicos do Metrô desde o começo, que afirmavam que não ele não funcionaria com capacidade alta de transporte de passageiros.

Mas a dor de cabeça se tornou pesadelo no fim de fevereiro deste ano, quando um pneu de uma composição da linha 15-Prata, na zona leste, estourou e caiu na avenida sob a linha. A linha ficou mais de três meses sem funcionar, gerando imensas filas, aglomerações e atrasos para os moradores da região.

Antes disso, a linha 15 já tinha visto outras falhas graves, como choque entre dois trens e desabamento de um muro de uma das novas estações sobre a escada que dá acesso à plataforma.

Além desse, o Governo de São Paulo previa desde 2009 construir um monotrilho que ligaria a capital ao ABC Paulista, entre a estação Tamanduateí do Metrô e São Bernardo do Campo, mas o projeto foi abandonado em julho do ano passado e substituído por um BRT (sigla em inglês para sistema de transporte com ônibus rápidos).