SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (2) que comprou 1,3 milhão de testes para o novo vírus do governo da Coreia do Sul, que devem chegar até o próximo dia 15 de abril.

"Qual é o maior gargalo hoje? São os insumos. Da mesma forma que nós temos dificuldade para outros insumos, como respiradores, existe uma falta de reagentes no mercado internacional. A secretaria tem compras em andamento, mas as companhias não conseguem entregar", afirmou o diretor do Instituto Butanta, Dimas Tadeu Covas.

Na falta de exames disponíveis, hoje só pacientes com sintomas graves têm sido testados, o que permite que uma parte da população, assintomática, transmita o novo coronavírus sem saber. O controle dessa parcela dos infectados, que não apresenta sintomas, é tido como um dos fatores de sucesso do governo coreano para conter a pandemia.

O governo paulista disse ainda que vai avaliar testes rápidos disponíveis no mercado que não teriam sensibilidade suficiente ao vírus.

O gargalo está ainda na outra ponta, na análise do teste. O governo havia alertado na quarta-feira (1) que havia uma fila de 16 mil exames a serem analisados.

O governo criou uma plataforma para analisar 10 mil exames por dia, com Instituto Adolfo Lutz (central e regionais), Instituto Butantan, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Hemocentro de Ribeirão Preto, Laboratório de Análises Clínicas e Patologia do Hospital das Clínicas da Unicamp e o Hemocentro de Botucatu, sob coordenação do Instituto Butantan.

A plataforma vai ainda reunir uma base de dados de estudos científicos e coordenar novas pesquisas sobre o vírus.

O anúncio foi feito no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do prefeito Bruno Covas (PSDB) e do governador João Doria (PSDB).

Os tucanos voltaram a pedir que a população fique em casa. “Por favor, não dê atenção a qualquer outro tipo de informação, solicitação, postagem, que seja feita no sentido de estimular que você saia da sua casa. Não saia, exceto por razões essenciais, circunstanciais”, disse o governador.

Doria anunciou ainda que o governo ampliou a produção de máscaras dentro das unidades prisionais para 50 mil unidades por dia. A ideia é produzir 4 milhões de máscaras, no total, segundo o governador.

As máscaras são produzidas nos presídios de Tremembé, Tupi Paulista, Andradina, Araraquara e Itaí. Os presos reduzem um dia de pena a cada três dias de trabalho. A falta de equipamentos de proteção individual é outra falha no sistema de contenção do novo coronavírus.

O prefeito Bruno Covas anunciou ainda que vai distribuir um vale alimentação para 273 mil alunos da rede municipal em situação de alta vulnerabilidade, anunciou nesta quinta-feira (2) o prefeito Bruno Covas (PSDB).

Com escolas fechadas para evitar a propagação do novo coronavírus, o valor serve como compensação para crianças que dependem da merenda oferecida nos colégios para se alimentar.

Alunos do ensino fundamental vão receber um crédito de R$ 55. Alunos do ensino infantil receberão R$ 63. Alunos de creches municipais, R$ 101.

A distribuição dos cartões começa nesta quinta e deve ser concluída até o fim da semana que vem. A rede pública municipal tem 950 mil alunos.

lém disso, a prefeitura pretende distribuir 100 mil cestas básicas neste mês para a população mais pobre, afirmou o prefeito.

Covas ressaltou que convocou de volta profissionais de saúde cedidos ao Tribunal de Contas do Município, a Câmara Municipal de São Paulo e a outros municípios, e pediu que profissionais afastados para os sindicatos das categorias, uma previsão legal, voltem ao trabalho.

Foram anunciadas ainda medidas econômicas para diminuir o impacto causado pelo comércio fechado no estado.

O Governo de São Paulo ampliou a linha de crédito para microempreendedores em mais R$ 150 milhões, somando agora R$ 650 millhões, com crédito do Banco do Povo, Desenvolve SP e Sebrae.

O prazo para pagamento agora é de 36 meses após a tomada do empréstimo, com carência de 90 dias. Pedidos de concessão de crédito de até R$ 3.000 podem ser feitos sem avalista.

A medida foi anunciada após reunião dos governadores do Sudeste e Sul do país, que enviaram carta ao governo federal em que pedem suspensão dos pagamentos da dívida com a União por 12 meses, financiamento federal do pagamento de impostos estaduais por empresas e assunção pela União dos pagamentos a organismos internacionais, como dívidas com o Banco Mundial e o BID, além de outras ferramentas para evitar o colapso financeiro das unidades da federação.

O pedido acontece em um momento em que governadores expõem rusgas com o governo federal na condução da crise do coronavírus. Estados fecharam comércio, escolas e até divisas para evitar a propagação do vírus, medidas condenadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Nesta manhã, o presidente compartilhou em suas redes sociais depoimento em que uma apoiadora ataca governadores e a imprensa. No vídeo, uma mulher que se apresentou como professora particular apela para que o mandatário ponha "militares na rua" para encerrar medidas restritivas adotadas por governadores, que determinaram a suspensão de aulas e o fechamento do comércio para tentar conter a disseminação do Covid-19.

"Professora em comovente depoimento para o presidente da República. Peço compartilhar", escreveu o mandatário.

Doria, em entrevista à imprensa nesta manhã, afirmou que “a morte não escolhe bolsonarista ou petista.”

“E não esperem de mim que eu faça política em velórios. Eu tenho a obrigação e o dever, como governador de São Paulo, de proteger vidas, de defender as pessoas, de agregar, de somar, integrar e pedir solidariedade. A hora não é de dividir, não é de politizar”, disse. “Não pauto as minhas ações por conveniência, mas por convicção.”