SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira (15) a compra de 2 milhões de testes rápidos para o estado e o início dos testes para pacientes leves de coronavírus.

O anúncio foi feito foi dada durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na zona oeste de São Paulo.

"Na segunda-feira os municípios já receberão uma norma técnica já iniciando a testagem dos pacientes leves. Esses pacientes não estavam sendo atendidos até então porque existe a recomendação que eles fiquem em casa. Então agora existe uma sistemática que esses pacientes serão atendidos", afirmou o coordenador do comitê estadual contra coronavírus, Dimas Covas.

Dimas Covas afirmou que, nesta sexta, forças de segurança foram testadas —plano é fazer 145 mil testes em uma primeira fase. Além disso, funcionários da área da saúde também serão testados e também parentes que tiveram contato com pacientes graves.

"Com o quantitativo de testes já disponíveis, que são 1,3 milhão de testes RT-PCR e mais os 2 milhões testes rápidos, nós vamos chegar a um nível de testagem nos próximos três meses que é similar ao de países como a Itália e a Espanha. Então, tem Brasil, que é 1,3, e o estado de São Paulo vai chegar a 27 mil testes por milhão de habitantes", disse.

Segundo o governo, o teste rápido identifica se o indivíduo teve contato com o vírus, diferentemente do exame de RT-PCR, que detecta o material genético (RNA) do coronavírus, identificando a presença da infecção.

Os testes rápidos devem ser usados nos casos de suspeita e a pessoa ter tido contato com paciente infectado com coronavírus e que permaneceu sem sintomas por mais de 14 dias. Para os sintomáticos há menos de 14 dias que tiveram contato com pacientes infectados, a indicação é a realização do exame de PCR, afirma o governo.

O governo também anunciou uma rede de contenção em populações vulneráveis, fazendo coletas de exames em policiais, moradores de asilos e presídios. "Se tivermos casos agudos, essas unidades de contenção será atividade e irão a unidades coletar os testes, que serão encaminhados à plataforma para contenção do coronavírus", disse Dimas Covas.

O estado atingiu 58.247, sendo 3.961 nas últimas 24 horas, mais um recorde de casos. Já são 4.501 mortos, 186 deles em um dia, um aumento de 6%. A taxa de ocupação nas UTIs do estado é de 68,8% e na Grande SP, de 84,4%.

Doria afirmou que o protocolo para um eventual lockdown no estado está pronto, mas que não será usado agora.

MINISTRO

Doria criticou nesta sexta o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela saída de mais um ministro da Saúde, com a exoneração de Nelson Teich.

"Quero lamentar a saída do ministro da Saúde Nelson Teich. É o segundo ministro da saúde que num prazo de 90 dias deixa a função pela desordenação do governo Bolsonaro", disse.

Doria elogiou o ministro, que, segundo ele, "demonstrou compromisso com a ciência e respeito ao isolamento".

O tucano afirmou que também lamentou a saída de Luiz Henrique Mandetta, que, segundo ele, agou com seu cargo pelo compromisso com a ciência.

"Espero que o sucessor do ministro Nelson Teich continue seguindo a medicina e a saúde, e que não incorra no grave erro de seguir orientações ideológicas, partidárias ou familiares", disse Doria. "O ministro da saúde do Brasil deve proteger a saúde dos brasileiros".

Após o pronunciamento, Doria ainda fez uma publicação em redes sociais em que afirmou: "O barco está à deriva. Que Deus proteja o Brasil e os brasileiros".

O tucano também fez fortes críticas a Bolsonaro, por supostamente segurar recursos como retaliação aos estados e aos governadores, citando reportagem do jornal O Globo.

"Gesto demonstra a insensibilidade, intolerância e incapacidade do presidente Jair Bolsonaro de entender o cargo que ocupa como presidente da República. Presidente Bolsonaro mistura os canais e pensa que administrar o país é administrar sua família", disse. "Atitude de retaliar governadores porque têm cumprido sua obrigação é um gesto deplorável".