Luanda, 20 (AE) - Num duro revés militar e político para o veterano líder rebelde Jonas Savimbi, o governo angolano anunciou hoje oficialmente a tomada das cidades de Bailundo e Andulo - 445 quilômetros a sudeste da capital angolana -, tradicionais redutos da União Nacional para Independência Total de Angola (Unita). "Bailundo e Andulo caíram e estão nas mãos das Forças Armadas", anunciou o porta-voz presidencial, Aldemiro Vaz da Conceição. Procurado pelas agências noticiosas, o representante da Unita em Portugal, Paulo Lukamba Gato, não fez comentários. "Não estamos em condições de desmentir nem de confirmar essa informação."
O governo angolano vinha mantendo silêncio sobre os resultados da ofensiva lançada em setembro para expulsar os guerrilheiros da Unita de cerca de dois terços do território angolano. Os rebeldes haviam estendido seu controle sobre a extensa região em em dezembro, quando a guerra civil, iniciada em 1975 (logo após a independência de Portugal), recomeçou.
Bailundo é habitada por ovimbundus - tribo da qual a Unita recebe um histórico apoio. Andulo, cidade onde Savimbi cresceu, era sede do aeroporto e de uma base militar rebelde. "Falo de Bailundo, uma cidade destruída", disse o correspondente de guerra da rádio Luanda Antena Comercial (pró-governamental), Jaime Azulay. Ele acrescentou que o responsável pela administração de Bailundo, nomeado pelo governo
já estava na cidade e tentava organizar o regresso dos moradores.
Na campanha, o Exército angolano utilizou aviões Sukhoi, de fabricação russa, artilharia pesada, tanques T-74 e T-72 (também de origem russa), moderno equipamento de radar e cerca de 6 mil homens.
Rumores sobre a queda das duas cidades começaram a circular na semana passada. Mas a Unita desmentiu e acusou a aviação de Luanda de lançar bombas de napalm contra civis. Denunciou também o recrutamento de "mercenários brasileiros para pilotar aviões Tucanos (comprados no Brasil pela Força Aérea angolana) em operações de bombardeio contra civis". Brasília confirmou a venda dos aviões, mas negou a presença de pilotos brasileiros em território angolano.
Na áfrica do Sul, o Instituto de Estudos de Segurança de Pretória recebeu com apreensão a notícia. Jakkie Potgieter, especialista do órgão, disse que a Unita perdeu as bases militares e com elas seu poder de barganha. "Isso fará o governo angolano sentir-se suficientemente forte para não negociar, o que empurraria a Unita novamente para a guerra de guerrilha."