Governo alerta para falência da Aerolíneas Argentinas
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sexta-feira, 07 de janeiro de 2000
Por Ariel Palacios, especial para a AE (assinatura obrigatória)
Buenos Aires, 07 (AE) - "Daqui a pouco tempo poderíamos assistir à falência da Aerolíneas Argentinas". Desta forma, o vice-presidente da República, Carlos "Chacho" álvarez, alertou para o caótico estado da principal linha aérea que conecta grande parte das cidades do país. A empresa deve US$ 800 milhões
e segundo especialistas, somente possuiria um patrimônio de US$ 50 milhões. O balanço do ano, embora ainda não fechado, indicaria que teria sido de US$ 150 milhões de dívidas, sobre um faturamento de US$ 1,1 bilhão.
O vice-presidente álvarez deixou claro que o governo não ajudará a empresa no caso de falência: "o Estado não pode subsidiar empresas privatizadas ineficientes". Segundo álvarez, a crise da empresa se deve à ineficácia da administração que teve desde que foi privatizada em 1990.
O chefe do gabinete de ministros, Rodolfo Terragno, confirmou a posição de álvarez, mas disse que era importante que a Argentina conte com uma empresa nacional que faça "a inter-conexão do país". No total, a companhia, junto com sua subsidiária Austral, atende 92 cidades, o que demonstra uma enorme proporção em relação às concorrentes outras empresas concorrentes no país - a Dinar, Laer, Lapa e Southern Winds - juntas somente atendem 88 cidades argentinas.
A história da Aerolíneas Argentinas tem sido uma sequência de fracassos desde que foi uma das primeiras empresas privatizadas.
Primeiro, nos anos 80, foi por água abaixo o projeto de vender 40% à escandinava SAS. Finalmente, em troca de bônus da dívida, foi vendida a um consórcio espanhol, que em 1998 cedeu a direção da empresa à American Airlines.
Na ocasião, o acordo era que a empresa norte-americana teria a gerência em troca de encontrar sócios para 60% das ações. Mas o prazo para isso venceu no dia 31 de dezembro passado. Sem resultados por parte da American Airlines, mais uma vez, a direção da Aerolíneas voltará às mãos espanholas.
O pacote acionário das Aerolíneas é composto assim: 85% pertence ao consórcio Interinvest, do qual 80% pertence à Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI) da Espanha. Os restantes 20% se dividem meio a meio entre a companhia aérea Iberia e a American Airlines. Além deles, 5% das ações da Aerolíneas são do Estado argentino, e 10% dos trabalhadores da empresa.