Governistas querem adiar discussão sobre Bolsonaro
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2000
Por Gilse Guedes
Brasília, 10 (AE) - A base governista na Câmara está pressionando para que o pedido de suspensão do mandato do deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), a ser discutido amanhã (11) pela Mesa da Câmara, não seja votado no período da convocação extraordinária. Ela alega que o caso poderá tumultuar as negociações para a aprovação de projetos prioritários do executivo, segundo afirmou hoje o corregedor da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE). "Há uma reação para que se adie a votação", admitiu o corregedor.
O presidente da Câmara, deputado Michel Temer, não vê, no entanto, empecilhos para que o pedido de suspensão seja votado durante a convocação. "Vamos pôr o caso em votação já", disse Temer. Bolsonaro pode ter seu mandato suspenso, porque sugeriu, há cerca de 15 dias, que o presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ser fuzilado. Cavalcanti disse que, se o deputado voltar a abusar de seu direito de opinião, a corregedoria poderá recomendar a cassação de seu mandato.
"Ele não pode ficar pregando atos criminosos", disse o corregedor sobre seu colega de partido. "Se ele voltar a falar, ele poderá ter seu mandato cassado", completou. Segundo ele, a executiva nacional do PPB deverá se reunir nos próximos dias para discutir a situação do deputado. Ele, no entanto, não adiantou quais providências o partido poderia tomar para punir o parlamentar.
Cavalcanti reconhece que vai esbarrar nas dificuldades para aprovar, em plenário, a suspensão, por 30 dias, do mandato do parlamentar já que, segundo um levantamento da Câmara, o plenário da Casa nunca acolheu a punição. "Mas eu garanto que o caso não vai para debaixo do tapete". O parlamentar - que já defendeu, em outra oportunidade, o fechamento do Congresso e o fuzilamento do presidente - é reincidente. Em razão disso, a Mesa da Câmara já havia aprovado um pedido de suspensão do mandato do parlamentar, faltando apenas apreciação da decisão pelo plenário.

