Washington, 30 (AE) - O governador do Texas, George W. Bush, o favorito entre os republicanos para disputar a sucessão do presidente Bill Clinton, em novembro próximo, encostou em seu principal rival, o senador John McCain, nas pesquisas de opinião e tornou imprevisível o resultado das primárias de New Hampshire
na terça-feira. Entre os democratas, o vice-presidente Albert Gore mantém uma vantagem confortável sobre seu único oponente, o ex-senador Bill Bradley, e continua a subir nas preferência do eleitorado. Depois de passar meses na rabeira de Bush, Gore estará agora vituralmente empatado com o governador do Texas.
Bush, que estava vários pontos atrás de McCain há apenas um par de semanas, tem agora 36% das preferências, contra 38% dadas ao senador de Arizona, de acordo com uma sondagem da agência Reuters, divulgada hoje. Entre os demais postulantes republicanos, nenhum deverá ser um fator nas próximas prévias, pois o que aparece melhor, com apenas 13%, é editor bilionário e ultraconservador, Steve Forbes, que gastou US$ 60 milhões da fortuna que herdou de seu pai para comprar seu efêmero e modesto lugar na ribalta da política americana.
Depois de ter passado meses na rabeira de Bradley em New Hampshire, Gore tem agora 49% dos votos entre os democratas do estado, contra 42% do ex-senador.
Se esses números forem confirmados na terça, a fase preliminar do longo processo de teste e seleção que os EUA fazem a cada quatro anos para os candidatos dois dois grandes partidos à Casa Branca estará praticamente encerrada no primeiro pleito que envolve votos e urnas. (A prévia de Iowa, ganha facilmente por Gore e Bush, na semana passada, segue a tradição dos "town mettings", nos quais os cidadãos politicamente mais ativos se reúnem em casas e lugares públicos para manifestar suas opiniões e se dividem em grupos, de acordo com o candidato de sua preferência.) Na ausência de uma vitória folgada sobre Bush, McCain não ganhará o impulso de que sua campanha necessita para ter chances na próxima primária republicana, na Carolina do Sul. Nesse cenário, o governador do Texas emergirá como o republicano vitorioso em New Hampshire e candidato inevitável deu partido, mesmo se chegar alguns pontos atrás do senador de Arizona, pois tem máquina política e dezenas de milhões de dólares em caixa para frustar qualquer pretensão de seu desafiante.
Bradley promete levar sua campanha adiante mesmo que sofra a segunda derrota consecutiva contra Gore. Ele tem dinheiro, uma organização nacional razoável, e ainda pode bater o vice-presidente nas primárias de Nova Jersey, seu estado, e em Nova York, onde fez fama como jogador profissional de basquete, mas dificilmente conseguirá evitar a consagração de Gore e estará sob forte pressão do partido para abandonar sua campanha.
Com a máquina democrata firmemente atrás de Gore, a pressão dos correligionários sobre Bradley já começou. Os líderes do partido no Congresso, o senador Tom Daschle e o deputado Richard Gephardt, divulgaram uma declaração conjunta no fim de semana lembrando ao ex-senador a importância de os democratas se apresentarem unidos na campanha presidencial e pediu-lhes que cesse os ataques pessoais contra a credibilidade do vice-presidente nos comerciais de sua campanha, para não dar munição aos republicanos.
A favor desse argumento há também a rápida subida do vice-presidente nas pesquisas nacionais de opinião, um fato político mais significativo do que as primárias de New Hamsphire
se essas não produzirem nenhuma surpresa de última hora.
Até recentemente, as sondagens indicavam que Bradley tinha mais chances do que Gore de ganhar de Bush em novembro. Uma das razões era a associação de Gore com o presidente Bill Clinton. Mais de 55% dos americanos aprovam a maneira como Clinton governou o país, mas condenam sua conduta pessoal no escândalo sexual com a ex-estagiária da Casa Branca Mônica Lewinsky.
Até recentemente, os analistas achavam que Gore não tinha chances porque os americanos o puniriam pelos pecados que Clinton cometeu. Mas os esforços do vice-presidente para se separar de Clinton no campo da conduta pessoal mas associar-se aos excelentes resultados econômicos obtidos por seu governo parecem ter funcionado. E a implosão da pré-candidatura de Bradley ajudou a mudar o panorama de apenas algumas semanas atrás, no qual Bush apareceria disparado à frente de Gore nas pesquisas nacionais.
De acordo com uma sondagem feita pelo "Wall Street Journal" e a rede de televisão "NBC", o vice-presidente chega à New Hampshire praticamente colado no governador do Texas. Se as eleições fossem hoje, Bush teria 47% dos votos contra 44% de Gore. A diferença que representa um empate ténico pois é menor do que a margem de erro da pesquisa. A mesma sondagem dá Bush e Gore empatados com 43% das preferências cada um numa disputa a três, que inclui o jornalista Pat Buchanan, ex-republicano católico de extrema-direita que deve sair candidato pelo Partido da Reforma.
Com Bradley atacando sua credibilidade, o vice-presidente recebeu um importante apoio no fim de semana do ex-sexretário do Tesouro Robert Rubin, considerado um dos arquitetos da atual prosperidade dos EUA e um homem cuja palavra vale ouro entre os americanos quem tem dinheiro para dar para a campanha eleitoral de Gore e melhorar sua posição competitiva em relação a Bush também nesse aspecto crucial e decisivo nas disputas presidenciais dos EUA.
"Baseado nos seis anos e meio em que trabalhei com o vice-presidente, não tenho nenhuma dúvida de que Al Gore é a pessoa certa para nos liderar nos próximos anos para garantir que teremos o mesmo tipo de economia voltada para o futuro que tivemos nos últimos sete anos", disse Rubin. Não por acaso, o vice-presidente começou no fim de semana a enfatizar esse tema em sua campanha, apresentando-se como o melhor candidato para prolongar os tempos de vacas gordas que os americanos estão vivendo.